A educação precisa superar as teorias para formar pessoas preparadas para lidar com os desafios, cada vez mais complexos, do lado de fora da sala de aula. André Domingos Saturno é o professor que vai muito além dos livros didáticos e busca conhecer as vivências e angustias dos seus alunos. Neste Dia do Professor, comemorado no sábado, ele é um grande exemplo.
André tem 42 anos e leciona geografia para estudantes do sexto ao nono ano do fundamental, na Escola de Educação Básica José Cardoso de Aguiar, em Gravatal. O gosto pela disciplina surgiu ainda no ensino médio, através do seu professor, e o interesse pela educação ficou claro em sua passagem pelo seminário. Já são 19 anos de profissão.
Entre os seus colegas, André é descrito como um professor verdadeiramente humano, que avalia os seus alunos além das atividades e que gosta de conversar com cada um deles. “É importante que o professor desenvolva também as habilidades socioemocionais, que são capacidades que ultrapassam a dimensão cognitiva e envolvem de forma muito mais profunda”, aponta André.
Para ele, é preciso entender que ali, na sala de aula, estão seres humanos com alegrias e sofrimentos. “A autoestima anda muito enfraquecida. É preciso ter empatia, entender as limitações e frustrações. Essas ferramentas são importantes para o autoconhecimento e para preparar o aluno para lidar com as situações do cotidiano. No futuro, uma criança pode se tornar um profissional com todo conhecimento técnico, mas pode ser um ser humano péssimo para si mesmo e isso vai trazer consequências negativas”, afirma o professor.
Estresse impede que o aluno evolua
A forma diferenciada de André de lidar com os alunos está em cada detalhe. “Consigo olhar para o aluno e pensar que ali existe um ser humano. Quando ele chega, por exemplo, pergunto como está em casa. Isso cria um vínculo diferente e ele se sente mais seguro para aprender. Muitas vezes, convido alunos para conversar fora da sala. Esse é o diferencial. Quando colocamos alguém em situação de estresse, fechamos a janela que permite evoluir”, avalia o professor.
Ao invés de impor a participação, André sugere e deixa espaço para que o próprio aluno escolha o melhor momento para se manifestar. E isso acaba tendo resultado instantâneo. “Sempre busco também trazer exemplos do próprio cotidiano deles. Não precisamos usar só o que está nos livros. Isso acaba atraindo a atenção daquele aluno que, muitas vezes, não se interessava por nada”, revela.
André diz que nem sempre foi esse professor. “Sou muito melhor hoje. Primeiro, é preciso trabalhar o amor fraterno, se sensibilizar e também se conhecer para, então, conseguir entender o outro e ajudá-lo. Depois é preciso estudar muito. O ser humano é um objeto de transformação”.
DS EDUCAÇÃO
A rede municipal de ensino de Gravatal faz parte do projeto DS Educação. As escolas recebem o jornal para ser trabalhado em sala e, depois, os alunos levam a edição para casa.