A lição caseira “gastar menos do que se recebe” (e no governo, menos do que arrecada), sobrando parcela para eventuais necessidades, ficou para trás. Quem entra, critica os que saem, e assim gira a política à procura de um culpado para responsabilizá-lo pelo erro cometido. Não importa se falta visão sobre a direção da bússola, que mais parece biruta de aeroporto. Sim, aquela mesma que se movimenta de acordo com o sopro do vento, enquanto que a primeira tem rota definida. Pois às vésperas do recesso legislativo, onde o país, literalmente, para, corre-se para definir as regras ao ajuste do pacote fiscal. E nesse puxa e estica, parlamento e governo não se entendem. Exaustos da gangorra, reiniciam-se as conversações e, com as bençãos dos bilhões das emendas natalinas, convergem.
Agora vai?
Não da forma que se projetou, por sinal, o pacote muito bem elaborado e dado publicidade, porém difícil de se “digerir” pelas razões óbvias da impossibilidade de aplicação, como tal. Outro fator preponderante: num orçamento que advém de recursos garimpados pelo executivo, como as receitas tributárias, aluguéis e vendas de títulos do Tesouro, não se vislumbra contribuição por sacrifício dos poderes legislativo e judiciário. Se está aberto ao diálogo, por que não pôr à mesa a realidade nua e crua, chamando-os à composição e compartilhamento? Ah! Se “contra força não há resistência”, está explicado. Importa mesmo é ver quem paga. Desse jeito a conta amarga tem saída.
Gregos e troianos
Os produtos oferecidos em feiras livres possuem preços e qualidades distintos, permitindo aquisição pelos melhores remunerados. Na medida que esses quesitos perdem aparência, a procura desanda para público de menor renda, as famosas xepas.
Xepas e jabutis
Da mesma forma, em fim de ano legislativo é comum a enxurrada de projetos, alguns encalhados e outros recentes, estarem na mesma pauta para discussão e aprovação. Nesse meio é que a mistura entre xepa e jabuti se completa. Enquanto os de menor interesse acabam passando sem nenhuma resistência, outros considerados fora do contexto acabam lado a lado, transpondo a fronteira da aprovação. Claro que acontece muita conversa de bastidores, nas comissões e no “toma lá dá cá”, antes de ir ao plenário. Depois, como uma luva, passam todos, agradando gregos e troianos.
Tributária
Nessa mesma linha, de afogadilho, a proposta de reforma tributária que tramitou no Senado e que retornou à Câmara sofreu alterações e adequações para a sua aprovação. Emendas retiradas e incorporadas preenchem o texto da tão sonhada reforma, que pelo visto deve ter elevação de alíquotas, superando os 26,5% prometidos, posicionando-se como a mais alta do mundo. E, ao concluir a coluna, ainda não se tinha o desfecho. Melhor aguardar para manifestação no próximo exercício.