Ao contemplar as belas e fluidas ondas do mar de Jaguaruna, fiquei curioso para saber como é que elas se formam. Consultando um livro de Física, fiquei sabendo que resultam do movimento de rotação das moléculas da água, que se chocam com outras, fazendo-as rolarem também.
A onda mais famosa que já existiu ganhou até nome: Tsunami, foi aquela formada com a explosão do vulcão em Krakatoa, na Indonésia, em 26 de agosto de 1883.
De proporções gigantescas, chegando a 36 m de altura e em expansão circular, causou devastação e naufrágios em todos os locais por onde passou, matando 36.000 pessoas. Afirma-se que ela fez a volta ao globo, até tornar-se uma onda comum.
A arte cinematográfica usou uma onda como aquela, esta made in Hollywood, para fazer emborcar um navio de passageiros, no já clássico filme O Destino do Poseidon.
Mas eu prefiro as ondas às quais dou um nome para estimular a imaginação da minha netinha de cinco anos: “Lá vem a onda gordinha, olha lá a espumosa, cuidado com a barulhenta!”. E fico maravilhado ao ver o suave impacto, verdadeiro afago que elas causam tanto no corpinho quanto na emoção da pequenina.
Nosso mar, no entanto, é temperamental, dependendo principalmente dos ventos do momento, tais como lestada, vento sul, terral e nordestão. Pode ser encapelado e barulhento, dócil com ondas bem formadas, cujas cristas espumantes se derramam suavemente, formando os chamados tubos. Já o mar calmo, com ondas muito pequenas, chamados pelos surfistas de mar flat (liso em inglês), causa frustração aos rapazes que, de pé sobre o muro da minha casa, analisam as possibilidades que o mar oferece. Quando há muitos banhistas, atrapalhando a sua ação, o mar está crowded (aglomerado, superpovoado).
Ensinou-me um pescador profissional a enxergar o peixe no que eles chamam de espelho da onda, ou seja, quando ela está na vertical, antes de “entornar”. Com isto, passei a entender o porquê de eles raramente perderem uma tarrafada.
Admiro os jovens que praticam o surfe, pelo que de sadio tem este esporte, pelo amor que dedicam ao mar e à natureza, pelo comportamento tranquilo e vida regrada que eles, de modo geral, levam.
Mas mesmo que eu pudesse voltar à minha juventude, o surfe não seria a minha escolha: enfrentar as baixas temperaturas do nosso mar acrescenta ao esporte, no meu feeling, um certo toque de masoquismo.
Fim de temporada. Minha mulher sentencia: “vamos embora!”
E eu “vou na onda”.