Além da vítima de apenas um ano, outras duas crianças tiveram queimaduras pelo corpo
A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar o incêndio em um trailer de circo que matou uma criança de um ano e deixou os outros dois irmãos dela feridos, de três e quatro anos, em São Ludgero.
A suspeita é de que um curto-circuito tenha iniciado o fogo, que se alastrou pelo veículo na noite de sábado, na SC-108. “A mãe teria deixa um ventilador ligado no quarto do trailer, onde as crianças estavam, e também algumas lâmpadas de enfeite, para que o local não ficasse completamente no escuro. Então, existe essa hipótese de curto-circuito. O local foi preservado para que o IGP possa realizar o exame pericial e produzir o laudo com o resultado”, explicou ao DS a delegada regional de Braço do Norte, Jucines Ferreira.
Na tarde de ontem, o proprietário do circo prestou depoimento à polícia. Segundo Jucines, ele informou que ajudou a retirar as crianças do trailer. A mãe não estava no veículo quando as chamas iniciaram. Apurações feitas pela polícia apontam ainda que o pai se apresentava no momento do incêndio, o que também será investigado, já que alguns relatos citam que o pai teria ajudado no resgate. “O proprietário relatou que encontrou as crianças acordadas, sozinhas e que elas foram retiradas ao lado da porta do banheiro, onde teriam ficado para evitar o contato com as chamas”, conta.
De acordo com relato do Serviço Aeropolicial e de Atendimento e Resgate Aeromédico do Sul de Santa Catarina (Saer/Sarasul), a bebê de um ano teve mais de 50% do corpo queimado. Ela foi levada ao Hospital Santa Terezinha, em Braço do Norte, pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e, depois, transferida para o Hospital Infantil de Florianópolis, mas não resistiu e morreu ainda no domingo.
O menino de quatro anos ficou com queimaduras em cerca de 3% do corpo e com problemas respiratórios. Já a menina de três anos ficou com 10% do corpo queimado. Inicialmente, as crianças foram levadas ao Hospital Santa Terezinha, mas também foram transferidas para a Unidade Intensiva de Tratamento (UTI) do Hospital Infantil de Florianópolis, onde seguiam até a tarde de ontem. Elas precisaram ser intubadas por conta da gravidade do estado de saúde.
De acordo com a delegada, a família seria de São Paulo, para onde o corpo da vítima deve ser levado. “Eles teriam feito esse pedido, para que a menina seja levada até São Paulo onde vivem os avós”, acrescenta.
Possível abandono de incapaz
Ainda segundo a delegada, a princípio, o circo não deve ser responsabilizado pelo fato. Já os pais podem responder por abandono de incapaz e suas consequências. “O circo tinha autorização dos bombeiros e da prefeitura para estar naquele local. Já os pais poderão responder por abandono de incapaz com as consequências de lesão corporal e morte. A mãe relatou também que deixou o local por três minutos, tempo em que o incêndio teve início. Mas a proporção que o fogo tomou e os ferimentos graves nos leva a questionar esse tempo”, conta Jucines.
