Cirurgião Luiz Fernando Delpizzo esteve onde ocorreu a tragédia dos Andes
Na premiação do Oscar neste domingo, uma obra que concorre ao prêmio de melhor filme internacional terá atenção e torcida especial de um grupo de tubaronenses, principalmente do cirurgião plástico Luiz Fernando Delpizzo Miranda: “Sociedade da Neve”.
O filme é inspirado em uma história real e narra o caso que ocorreu em 1972, quando o voo 571 da Força Aérea Uruguaia, fretado para levar uma equipe de rugby ao Chile, cai em uma geleira no coração dos Andes. Apenas 29 de seus 45 passageiros sobrevivem ao acidente. Presos em um dos ambientes mais inacessíveis e hostis no planeta, eles são obrigados a recorrer a medidas extremas para se manterem vivos.
Ao final de 72 dias presos no local inóspito, apenas 16 conseguiram sobreviver. Quem assistiu se emociona do início ao fim com a produção, que possui um roteiro que choca a cada cena – já seria forte se fosse ficção, em se tratando de uma história real é de arrepiar.
O local onde o avião caiu foi o destino do grupo de tubaronenses em 2010, do qual Luiz Fernando fazia parte, em uma expedição a cavalo pela Cordilheira dos Andes. Na época, o DS publicou a história da aventura deles, e agora, 14 anos depois, a viagem volta à memória do grupo, numa lembrança das mais impactantes e inesquecíveis.
Luiz Fernando conta que ainda em 2010 ele e um amigo também médico, Fernando Delgado, haviam assistido ao filme “Vivos”, sobre a história do acidente aéreo, leram o livro e viram uma reportagem que falava que os sobreviventes, pela primeira vez, tinham contratado um guia e voltado, a cavalo, até o local onde o avião havia caído, o Vale das Lágrimas.
“Com isso, na época, entramos em contato com este mesmo guia, em um lugarejo na Argentina, e o contratamos para nos levar até o local da tragédia. Juntamos outras dez pessoas, também de Tubarão, e fomos para lá, um povoado muito pequeno na Cordilheira dos Andes. Tinha início nossa expedição a cavalo, como os sobreviventes fizeram anos após ao acidente”, lembra.
“Impossível imaginar como sobreviveram”
Agora, com o filme Sociedade da Neve, a história impressionante vivida pelos sobreviventes do acidente aéreo veio à tona. “Só estando no local para se ter a real noção do tamanho das montanhas, do paredão que eles precisaram escalar, da hostilidade do clima, e é praticamente impossível de imaginar como conseguiram sobreviver por mais de dois meses lá”, pontua o tubaronense.
“Voltamos transformados da viagem, com a história de solidariedade, de persistência, de força de vontade de viver, de situações extremas vividas por eles, e serviu como uma experiência de vida impressionante e inesquecível para nós. Agora com o filme Sociedade da Neve, relembramos desta nossa história, revimos nossas fotos deste episódio de 14 anos atrás, que certamente marcou a nossa vida”, se emociona Luiz Fernando.
Monumento da cruz
O grupo atravessou desfiladeiros enormes, com trilhas apavorantes, neve e ar rarefeito até chegar ao local onde caiu o avião. “Lá existem ainda os destroços e os corpos, e foi feito um monumento com uma cruz, pedaços da aeronave e lembranças, como a camisa do time, entre outros, em homenagem aos mortos. Ficamos lá por aproximadamente uma hora, que foi o máximo de tempo que conseguimos aguentar por conta da altitude, e depois voltamos”, conta Luiz Fernando.