Manoel Eleutério assume cargo de técnico de informática em Capivari de Baixo
Um momento simbólico para a inclusão e um passo importante para a autonomia de um jovem autista marcaram essa semana, na Câmara Municipal de Capivari de Baixo. Manoel Eleutério, aprovado em segundo lugar no concurso público realizado em 2024, tomou posse como técnico de informática da Casa Legislativa.
A cerimônia de posse ocorreu na sala da presidência. O presidente da Câmara, Marcelo Muraro, parabenizou Manoel e destacou a importância da ocasião. “Hoje é um dia histórico, não só para esta Casa, mas para a história da inclusão em Capivari de Baixo”, afirmou. Manoel é pessoa com deficiência (PCD), diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA).
Os pais de Manoel acompanharam a posse com orgulho e emoção. Eles presentearam o presidente com uma camiseta da causa autista, simbolizando a luta pela inclusão. O vereador Marcelo Muraro, que também é pai de autista e defensor da causa do TEA, participou do ato e reforçou a relevância da representatividade.
Em entrevista ao Diário do Sul, o pai de Manoel, Sérgio Eleutério, falou sobre a conquista. “Soube no ano passado que ele havia passado em segundo lugar. Recebemos com satisfação, mas não tínhamos certeza se seria chamado. Foi uma vitória para toda a família, especialmente para ele, que agora busca sua independência”.
Manoel trilhou um caminho de dedicação aos estudos. Formou-se no Colégio São José e obteve duas graduações: Ciência da Computação e Engenharia Elétrica. Apesar do bom desempenho acadêmico, sempre enfrentou dificuldades com socialização. “Ele é muito inteligente, mas ainda depende de nós por conta da dificuldade em se integrar socialmente”.
Segundo o pai, o preconceito foi um dos principais desafios ao longo da vida do filho. A família enfrentou essas situações com união e paciência. “Ele praticamente não estudou para este concurso, o que torna essa conquista ainda mais surpreendente”.
Sobre a reação de Manoel à nomeação, o pai conta que ele ficou satisfeito, mas não demonstrou muita emoção. Agora, as expectativas estão voltadas para o futuro: “Esperamos que ele seja independente, que se adapte e desenvolva relacionamentos”.
Conquista de Manoel traz esperança e otimismo
A história de Manoel representa também uma mensagem de esperança para outras famílias. “Os autistas têm capacidades que podem se destacar se tiverem oportunidades de adaptação. Recomendamos que as famílias não desistam. Todos têm algum talento que precisa ser incentivado”.
A posse de Manoel Eleutério não é apenas o início de uma nova etapa profissional. É, acima de tudo, um marco para a inclusão e para o reconhecimento de que a diversidade fortalece o serviço público e transforma realidades.
Autismo e inclusão
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento. Ele se manifesta em diferentes níveis e formas, variando de pessoa para pessoa, por isso é chamado de “espectro”. O diagnóstico pode ocorrer na infância ou mesmo na vida adulta, e os sinais mais comuns incluem dificuldade de socialização, comunicação verbal ou não verbal, comportamentos repetitivos e interesses restritos.
O autismo não é uma doença e, portanto, não tem cura. Mas com acompanhamento adequado, estímulos certos e inclusão, a pessoa pode desenvolver autonomia, relações sociais e vida profissional ativa. Muitos autistas possuem alta capacidade de concentração, raciocínio lógico, atenção a detalhes e talentos específicos, principalmente em áreas como tecnologia, exatas e artes.
Apesar disso, o preconceito e a falta de conhecimento ainda são obstáculos. Por isso, ações de inclusão como a contratação de pessoas com TEA no serviço público e em empresas privadas são fundamentais. Elas não apenas garantem direitos, mas também mostram à sociedade o valor e o potencial dessas pessoas.
Iniciativas como a posse de Manoel Eleutério na Câmara de Capivari de Baixo representam mais do que um ato formal: são avanços concretos rumo a uma sociedade mais diversa, acessível e acolhedora.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico e pode ser realizado por médicos especialistas, como neurologistas, psiquiatras ou pediatras do desenvolvimento, com o apoio de psicólogos e outros profissionais da saúde.