Fábio Ballmann
Professor e celebrante de casamentos
Caro leitor, por favor, não estranhe esse título assim tão diferente. A ideia é ser um pouquinho chique, para chamar sua atenção. Trata-se de um pedacinho de um verso do autor romano Virgílio, e por isso está em sua língua original, o latim. É frase famosa, perfeita para uma tatuagem ou decoração de calendário e relógio. Especialmente calendários e relógios, já que significa “o tempo foge”, ou “o tempo voa”. E como voa.
Tempo é assunto complicado. Um filósofo bem antigo, chamado Agostinho, debatia consigo mesmo a dificuldade em explicar o tempo. Ele sabia o que era, mas encontrava dificuldades para explicar. Talvez por não ter relógio de pulso, cronômetro digital e todas as bugigangas que inventamos para controlar o incontrolável. Incontrolável sim, tirano até. Estamos, é o que me parece, o tempo todo correndo contra o tempo. Acordamos cedo, dormimos tarde, comemos rápido, andamos acelerados, muitas vezes acima dos limites permitidos. Tudo para chegarmos mais cedo, para quem sabe sairmos mais cedo, para não nos atrasarmos. A vida de hoje é apressada e, francamente, não lembro de uma época em que ela foi vagarosa, embora acredito que essa época tenha existido. O tempo é um patrão muito chato, a toda hora nos lembrando que está em nosso cangote, a fim de nos cobrar alguma coisa.
O que fazer, perguntamos eu e você que gastou preciosos minutos lendo até aqui. Bem... com o tempo, que tal não fazermos nada? Se sabemos o que é, deixemos como está. E, com o objetivo de não perdermos tempo, já que ele escapa pelo vão de nossos dedos, que tal aproveitá-lo, ou melhor ainda, aproveitar as situações, pessoas e vida que se esparrama no tempo, a ponto de esquecermos essa moldura e nos concentrarmos no que vale a pena?
Sinceramente, o mais importante não são quantos segundos dura um abraço, mas a força presente nos braços que estendo e me são estendidos. São importantes os bons e maus momentos que passamos junto de alguém, por isso, ficam na memória. Posso contabilizá-los, deixar todos registrados em um álbum ou na nuvem de meus arquivos digitais. Mas se o tempo os deixou para trás, é o tempo que me abre a chance de novos momentos, novas experiências. E de tirano, temos agora outra visão, o tempo como um propositor, aquele que propõe, que permite. Aquele em que eu e você, e todos em nosso entorno, vamos criando nossa história, fazendo nossas descobertas, vivenciando sucessos e decepções, um momento de cada vez. Um momentinho de cada vez...