Maurício da Silva
Presidente da Fundação Municipal de Educação
O impacto da pandemia de covid-19 é altamente devastador também na educação, principalmente, dos estudantes mais pobres. Escolas fechadas praticamente o ano todo de 2020, ausência de internet e de estímulos das famílias agravaram a evasão escolar e o baixo rendimento dos estudantes.
Ficou demonstrado que estudar somente em casa - em que pese o elogiável esforço de professores, diretores, funcionários da Fundação de Educação, pais e alunos - é extremamente prejudicial para a aprendizagem, para a saúde emocional, para segurança alimentar e para integridade física dos estudantes.
Na verdade, a pandemia escancarou e agravou as desigualdades de oportunidades educacionais que se convertem em desigualdades sociais e se reconvertem em desigualdades escolares, num ciclo sem fim.
Manter este ciclo significa manter estes jovens no subemprego e na baixa renda, principalmente, com o trabalho cada vez mais automatizado. A sociedade perde produtividade e arca com mais impostos para financiar a assistência destes jovens ou terá que conviver com o baixo crescimento da economia, pobreza extrema, violência, etc.
O mencionado ciclo é rompido por meio da educação de qualidade, de uma rede de proteção que fortaleça o vínculo dos estudantes com a escola e da inclusão digital. A rede municipal de ensino de Tubarão fez bem a travessia do dificílimo ano de 2020, mas busca implementar estas medidas com o objetivo de resgatar alunos e aprendizagens perdidas com e desde antes da pandemia.
A evasão escolar subiu, no Brasil, de 1,4 milhões de alunos, antes da pandemia, para 5,5 milhões, de acordo com o Unicef. Em Tubarão, baixou de 122 alunos, em 2019 (antes da pandemia), para 37 que não devolveram atividade no ano passado e se busca zerar. Os estudantes, do 2º ao 9º ano do ensino fundamental, com média menor que 7 (sete) no fim do primeiro bimestre, subiram de 30%, em 2019, para 40%, em 2021.
Para implementar as mencionadas medidas, a Fundação Municipal de Educação de Tubarão organizou um conjunto de ações. Dentre elas, o reforço escolar no contraturno, duas vezes por semana, para todos os alunos com média bimestral menor que 7 (sete) em português e matemática.
Para esta finalidade, contratou 17 (dezessete) professores que trabalharão com base no diagnóstico elaborado pelo professor titular, nos pré-requisitos, nos conteúdos estruturantes, nos conceitos e nos treinos. Farão atendimento individual e diversificado dos estudantes e acionarão a direção da escola em caso de ausências ou chegadas tardias.
No fim do segundo bimestre fará avaliação deste investimento.