Em abril, durante uma visita a Juiz de Fora (MG), um dos meus maiores desejos era conhecer o Museu Mariano Procópio. Quem me conhece sabe da minha paixão por esses “lugares de memória”, onde o passado se entrelaça com o presente por meio de paredes antigas, móveis de época e retratos em sépia.
Chegamos ao museu no início da tarde. O céu escurecido anunciava um temporal típico de verão — embora já estivéssemos no outono, fazia um calor sufocante. Aceleramos o passo pelo caminho entre as árvores até a Vila, como é chamado o casarão que abriga o museu. Os primeiros pingos já caíam quando cruzamos a porta de entrada.
Logo ali, um tótem em tamanho real de Mariano Procópio nos recebeu. Entusiasmada, pedi para minha irmã registrar uma foto minha abraçando o homenageado. Dentro da casa, a atmosfera do século XIX se fazia presente em cada detalhe — móveis, lustres, molduras. Um ambiente que já foi morada da família Procópio e até hospedou a família imperial em visita à cidade.
Em um dos cômodos, deparei-me com os retratos de Mariano e de sua filha Elisa, que morreu ainda adolescente. Ao lado, o vestido preto usado por sua mãe em luto. Aquela sala exalava um pesar silencioso. Senti um arrepio.
Exploramos cada canto, incluindo os porões, onde funcionava a cozinha e, talvez, os alojamentos dos criados — ou escravizados. O peso da história se fazia sentir ali também. Enquanto o temporal seguia lá fora, resolvi brincar um pouco: enviei para o ChatGPT uma das fotos tiradas ao lado do tótem, pedindo que a transformasse no estilo do Studio Ghibli — o famoso estúdio japonês de animações delicadas e oníricas.
Mas o resultado me surpreendeu. No lugar de Mariano, surgiu uma adolescente de vestido rosa, franja e cabelos longos. Não havia ninguém ao meu lado na foto original. Mostrei à minha irmã, que empalideceu: “É um fantasma!”, disse, meio rindo, meio séria.
Ao voltar para casa, decidi investigar. Coloquei a imagem no ChatGPT para identificar possíveis correspondências. E lá estava: o retrato de Elisa Ferreira Lage, filha de Mariano Procópio, com a seguinte legenda:
“O Retrato Assombrado de Elisa Ferreira Lage, filha do engenheiro e político mineiro Mariano Procópio Ferreira Lage. Elisa morreu de pneumonia com apenas 15 anos de idade. Os funcionários do Museu Mariano Procópio, onde a pintura está, relatam diversas aparições do suposto fantasma de Elisa.”
No creo en las brujas, pero que las hay, las hay...
E se for mesmo Elisa ao meu lado naquela foto, fico feliz que ela tenha me agradecido a visita de forma tão delicada — aparecendo para mim, entre sombras e memórias, numa tarde chuvosa no museu.