07 DE SETEMBRO DE 2024
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MILTON ALVES

24/07/2024 06:00

As verdades do discurso

Diz o manual da boa política que ao entrar numa campanha eleitoral em que está em disputa um cargo executivo não basta apenas ter bons parceiros, dinheiro, organização de campanha e se dizer preparado. Tem que ter um discurso coerente e discernimento para definir qual a melhor hora de defender certos assuntos. O manual indica, inclusive, que o candidato prepare planilhas com variadas informações ou temas que possam, em momento oportuno, colocar qualquer um dos adversários na chamada “saia justa”. Como neste sistema de eleição existe o confronto, fragilizar o opositor também faz parte da estratégia. É certo que este material não necessariamente será usado, mas é importante tê-lo em mãos quando dos debates, entrevistas ou até mesmo na propaganda eleitoral. O uso deste expediente depende de como a campanha se desenvolve, e aí é preciso ter a percepção exata do que é melhor fazer conforme a situação se apresenta.

Sem baixarias 

Não se trata de “atacar” ou ser “agressivo” com o opositor, mas sim aproveitar brechas e momentos oportunos para dar ênfase às suas próprias verdades, no sentido de mostrar, a quem vota, e a todos os demais personagens de uma eleição, os imaginários pontos positivos de sua candidatura, em detrimento a uma eventual fragilidade do adversário. Neste jogo, todavia, existe um risco que é muito sério. Na hora do confronto, mais do que nunca, é preciso que estas “verdades” existam de fato, e saber colocá-las é tão ou mais importante ainda. Meias verdades coladas a discursos inconsistentes podem significar o caminho para a “barca”.

Fica o recado

O que quero dizer com isso? Que não adianta tentar levar para o tabuleiro de xadrez peças que já não fazem mais parte do jogo. Não se “enxuga máquina” quando se carrega para dentro do governo uma dezena de partidos e mais um amontoado de “apoiadores” que todos conhecem como agentes do fisiologismo. Da mesma forma que não dá para se desvincular do ônus moral que recai sobre um governo que teve seus dirigentes acusados de improbidade – em delação premiada até agora não sentenciada pela Justiça - quando se fez parte deste próprio governo e não se afastou na ocasião em que houve a ruptura de poder. Fica muito feio deixar o grupo de apoio usufruindo das benesses de poder e depois sair falando mal de quem os convidou para dividir cargos, mas também responsabilidades. Quem faz isso é mau-caráter, e mau-caratismo também derruba favoritos.  

Diário do Sul
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