16 DE SETEMBRO DE 2024
Fechar [x]

MILTON ALVES

04/09/2024 06:00

Salvaro e o governador

No mínimo preocupante a mensagem no vídeo deixado pelo prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), gravado, possivelmente, minutos antes de ser preso por uma força-tarefa do Gaeco e Geac, grupos de elite da PC catarinense. A prisão fez parte da segunda etapa da Operação Caronte, que investiga um suposto caso de corrupção no projeto de regularização da Central Funerária do município. No vídeo, além de lamentar o que definiu como “ação política” ao invés de “jurídica”, Salvaro colocou, de forma direta, na conta do governador Jorginho Mello sua prisão na manhã de ontem.

O articulador

A afirmação é impactante e poderá interferir, sim, no pleito deste ano em Criciúma, pois Salvaro citou pontos que relacionam a ação policial com a campanha que ele desenvolvia em favor de Vagner Espíndola, o Vaguinho. Não sei se vai dar certo, mas jurando inocência e pedindo que a população dê uma resposta nas urnas, elegendo o seu candidato a prefeito, Salvaro tenta o pulo do gato. Que ele é repassador de votos não se tem dúvidas. O homem é bom.  

A dúvida

Só tem um detalhe. Que Jorginho Mello age como um trator quando se dedica a desenvolver um projeto de expansão partidária, todos nós sabemos. Basta lembrar o recente caso do ex-governador Carlos Moisés, que perdeu as rédeas do Republicanos/SC para o deputado Jorge Goetten, numa articulação direta do governador junto ao presidente nacional da sigla, o federal Marcos Pereira.

Tirando do caminho

Numa só paulada Jorginho matou dois coelhos: arrumou uma guarida para o amigo Goetten, que estava queimado no PL, e ofuscou Carlos Moisés, que na campanha de governador virou seu desafeto. E não se trata só disso. Jorginho começou sua carreira como deputado estadual pelo antigo PL, aquele que virou PR em 2006; depois migrou para o PSDB, onde teve mais três mandatos como deputado estadual. Em 2010 elegeu-se deputado federal pelo PSDB, migrando na sequência para o PR, onde conquistou a vaga para o Senado em 2018.

As migrações

Com a troca de nome de PR para o novo PL, manteve-se na sigla como senador, cargo que deixou para assumir o governo de Santa Catarina. Neste ínterim, fez crescer tanto o PR quanto o PL em nosso estado, e com a filiação de Jair Bolsonaro, base do sucesso das eleições de 2022, comanda hoje um dos maiores partidos de SC. Assim, dá pra ver que o homem é mestre na articulação, mas entre articular e jogar pesado, intervindo em instituições, existe uma enorme diferença. Me passa longe a ideia de que tenha qualquer interferência na prisão de Clésio Salvaro. Mesmo porque se houver um fundo de verdade nisto, além de significar uma mancha institucional no seu governo, servirá como brecha para se promover também uma ampla discussão sobre casos da Operação Mensageiro que envolveram políticos importantes que estavam no caminho do PL, como Joares e Caio, por exemplo.  

Diário do Sul
Demand Tecnologia

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a nossa Política de Privacidade. FECHAR