No final de semana fomos surpreendidos por um vídeo em que um funcionário da CDL diz que a culpa pelo furto de fios no Centro de Tubarão é de quem “dá comida pros vagabundos”. Todos os voluntários da cidade se tornaram réus no tribunal do Instagram. São tantas atrocidades em tão poucas palavras que é até difícil resumir, mas ficou a impressão de que ele revelaria o nome dos autores do roubo logo em seguida. Isso não aconteceu e podemos supor que seja apenas uma manifestação de aporofobia – segundo o dicionário, termo que designa o preconceito, a rejeição ou aversão a pessoas pobres ou desfavorecidas. Infelizmente não é um caso isolado. Dias depois precisamos ver cenas em que policiais arremessam um homem de uma ponte, em São Paulo. Uma pessoa rendida e que não oferecia nenhuma resistência à abordagem. Temos uma cultura miliciana disseminada, infelizmente. Um cenário em que a solidariedade é criminalizada e a violência é exaltada como uma demonstração de virilidade – Freud deve ter algo a dizer sobre essa necessidade permanente de parecer agressivo, mas esse é um assunto bem mais complexo. Esse tipo de pensamento pode receber vários nomes, mas definitivamente não cabe no conceito de “Deus, Pátria e Família”. Quem duvidar pode ler a Constituição ou até mesmo a Bíblia. Em Provérbios 14:31, por exemplo, temos: “O que oprime o pobre insulta àquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado o honra”. Definitivamente, não foi lá que o ser humano aprendeu a ser cruel com quem tem fome.
Tarcísio recuou
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), percebeu, ainda que bem tardiamente, que a violência policial não tem justificativa. Anunciou que passará a defender o uso de câmeras corporais para combater as cenas de barbárie que encheram o noticiário nos últimos dias. Como bem observou o jornalista Lúcio Flávio, no Sul Agora, ontem: só falta o Jorginho.
Crise de Jorginho
Jorginho, que tem outros assuntos para se preocupar. Mais um contrato milionário assinado por dispensa de licitação foi detectado no Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina (Ciasc). O valor original do contrato é de R$ 9,28 milhões, sendo que 79% do valor se refere à digitalização de documentos, 14% à guarda de documentos e 6,5% a “outros serviços auxiliares de organização, avaliação e classificação”. Este caso pode ser ainda mais grave, porque já houve o pagamento de R$ 1,8 milhão.