Antônio Zanella teve, com sua idolatrada Rita, seis filhos: Afonso, Cecília, Carlos, Julia, Amélia (Neném) e Olivar (Tato).
Certa noite, estavam “bebericando” no bar do Hercílio Zabot, Carlos e alguns amigos. Lá pelas tantas, já um tanto calibrados pelos fluidos de Baco, começaram a conversar sobre coisas sobrenaturais, entre as quais “aparências” de mortos.
Carlos declarou que não acreditava nessas bobagens e, então, foi desafiado a subir até o cemitério, que fica no topo do morro, e cravar, com o auxílio de uma marreta, uma estaca em uma das sepulturas. Os apetrechos estavam à disposição no quarto de ferramentas do bar.
Como prova de que lá estivera, Carlos teria que trazer um dos lírios plantados na entrada do campo santo. Se assim o fizesse, teria sua despesa paga pelos demais.
Munindo-se da estaca, da marreta e de uma lanterna a pavio, Carlos subiu resolutamente o morro. Com o esforço da caminhada morro acima, e porque fazia calor, o corajoso Carlos retirou a fralda da camisa de dentro da calça e abriu os botões, para refrescar-se.
Lá chegando, escolheu a sepultura de um amigo seu, para não sofrer represália, e cravou a estaca no túmulo. O vento apagara a lanterna e, como pouco enxergava, não se deu conta de que prendera, no solo, a fralda da camisa, com a estaca.
Quando foi se levantar, sentiu-se preso e, sem entender o que acontecia, pensou estar sendo agarrado pelo espírito do morto.
Desvencilhando-se da camisa, literalmente aterrorizado, desceu o morro em desabalada carreira, chegando ao bar branco que nem um defunto e sem o lírio para provar sua proeza.