Dois peões de um município da Serra Catarinense foram até Brasília para conhecer a Capital Federal e para assistir à posse do presidente eleito, da república.
Após vinte horas de estrada, a bordo de um ônibus convencional, enfim a moderna capital.
Uma vez no hotel, cometeram algumas gafes, tais como não acertar o uso do cartão magnético para abrir a porta do quarto, girar o botão da torneira ao invés de apertá-lo e se atrapalharem com os controles de comando no encosto da cama para operar TV, condicionador de ar e luzes. Mas logo aprenderam a usar aquelas modernidades.
Habituados a acordar bem cedo para as fainas do campo, logo se dirigiram à Praça dos Três Poderes. Assim, puderam ficar postados em lugar privilegiado, bem à frente do povo, contidos apenas pelo cordão de isolamento.
Estavam fascinados com tudo o que viam: O Rolls Roice presidencial, os carrões das autoridades, os trajes exóticos de representantes de alguns países, representações de etnias, atletas e tribos indígenas. Uma verdadeira torre de babel horizontalizada.
As bandeiras do Brasil e de todos os estados, os canhões para a salva e os Dragões da Independência e suas belas montarias.
Foi quando os dois amigos encetaram o seguinte e estranho diálogo:
-“Eu gosto daquele ali. Veja que pernas musculosas e o charme que lhe acrescentam as tornozeleiras brancas.”
-“Eu prefiro aquele, o da longa cabeleira negra.”
- “Qual?”
-“O de olhos castanhos, bem grandes.”
-“Mas o teu não tem franjinha e tem pouco cabelo no peito.”
-“Mas tem belos dentes.”
-“Olhe, estão andando. Veja só que passo elegante o do meu.”
-“E que dizes do garbo do meu escolhido?”
-“Pois bem: fiques com o teu quarto de milha que eu fico com o meu manga-larga.”