Sexta-feira, 05 de dezembro de 2025
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JOSÉ WARMUTH

21/11/2025 06:00

O gato que se tornou homem

Homero era um gatinho siamês que não se conformava com a sua condição de ser um felino. Seu grande sonho era tornar-se um ser humano.

“Coisa boa é poder viajar, ir ao teatro, jantar fora, ir ao futebol”, costumava refletir.

Por isto, orava ao Senhor pedindo-lhe que o metamorfoseasse em um ser humano.

De tanto insistir, acabou sendo atendido pelo Todo- Poderoso.

Ninguém podia entender o misterioso aparecimento daquele jovem na pequena cidade do interior, onde aconteceu aquele milagre.

Inconsolável, Maria do Socorro, a jovem “dona” do gatinho, não podia conceber o sumiço do seu bichano.

Logo, logo as moças casadoiras começaram a flertar com aquele belo moço de olhos azuis, hirsuto e simpático, que demonstrou ser de agilidade felina quando começou a jogar no gol do time local. Um verdadeiro gato, comentava-se.

Homero, no entanto, tinha algumas manias que incluíam a intolerância doentia pelos ratos e um regime alimentar que privilegiava os pescados.

O uso de unhas compridas, como usam as mulheres, e um jeito meigo e dengoso de ser fazia com que os outros rapazes do lugar duvidassem da sua masculinidade.

Alguns hábitos dos humanos não eram bem aceitos por ele, tais como o de ter que usar roupas, o de ter que tomar banho, mesmo no verão, e o de necessitar trabalhar para ter o que comer.

Mas ele ia se adaptando à sua nova realidade.

Foi então que, ao visitar as imediações da casa onde morava antes da sua transmutação, encontrou-se com Maria do Socorro.

Algo encantado aconteceu naquele momento: Maria do Socorro sentiu-se imediatamente atraída por aquele simpático rapaz, tendo a forte impressão de que já havia fitado aqueles olhos azuis que a olhavam de maneira felina e um tanto ferina.

Homero transmitia-lhe uma certa aura de familiaridade, difícil de explicar, e que coincidência ter o nome igual ao do seu já saudoso gatinho!

De sua parte, ele, que dela sempre recebera simpatia, atenção e afetuosos carinhos, dos quais já estava carente, também se sentiu encantado por ela, agora na sua nova condição de homem.

Tornou-se inevitável que tal atração mútua não resultasse em um relacionamento amoroso entre ambos.

Logo, logo se anunciou o enlace matrimonial entre Maria do Socorro e Homero.

Ela nunca mais quis ter outro “gatinho”. Bastava-lhe o esposo...

Diário do Sul
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