O professor de desenho Carlos Trasso foi se deitar e deixou aberto sobre a sua escrivaninha um livro de geometria.
Então, as figuras e sólidos geométricos aproveitaram a ocasião para um animado bate-papo:
Tomando a palavra, o triângulo estrilou:
- Estes humanos são muito desaforados: usar o meu nome como triângulo amoroso e Triângulo das Bermudas... só coisa ruim, é uma afronta”.
- No meu caso, falou o quadrilátero, chamar de quadrado uma pessoa bitolada também é um ato muito agressivo.
- Então, neste contexto, eu estou muito bem, disse o pentágono. – Meu nome foi dado ao famoso edifício do governo americano, em Washington. Provei ser poderoso quando aqueles fanáticos religiosos se lançaram contra mim em um avião cheio de inocentes.
- Não menos importante, então, sou eu, ponderou a pirâmide. – Viram qual foi a forma que os faraós egípcios escolheram para os mausoléus que lhes perpetuam a memória?
- É, mas emoção é comigo, comentou o trapézio. – Vivo dando guarida aos arrojados trapezistas, proporcionando-lhes a sua mais difícil acrobacia, o tríplice salto mortal, para deleite de plateias extasiadas. De lá de baixo, elas também se deliciam com os lindos saltos dados por esbeltas trapezistas.
Então foi a vez da esfera falar: - Mas, entre nós, não há ninguém mais popular do que eu. Estou em todas as canchas esportivas, fazendo vibrar multidões. Não me importo com os maus-tratos que recebo das mãos e dos pés dos desportistas com quem convivo e deploro aquele jogo dos americanos, em que eles usam um arremedo de bola ovalada. Mas gosto de estar em Portugal, onde me chamam de esférico. Adoro também reluzir nas árvores de Natal, para fazer o encantamento das crianças.
- Já eu sou a simplicidade em pessoa - argumentou o círculo. - Mesmo assim, sou usado como círculo de amigos, círculo vicioso. Só dou trabalho para calcular a minha área: A=πR2 é a fórmula. Vocês sabem como usar?
Então o cone, usando a sua capacidade de ampliar o som, berrou:
- Atenção, silêncio! O professor acordou e já, já vai pintar na área.
