Da minha janela, em um hotel na bela e aprazível praia de Palmas, vejo duas pequenas ilhas. Elas parecem separadas por uns quinhentos metros, ou deveria dizer um quarto de milha marítima?
Uma delas tem vegetação agreste, pedras enormes que se debruçam sobre o mar e rochedos também predominando por toda a área que ela ocupa no mar.
A outra é graciosa, de forma arredondada, tem uma pequena praia, possui muito verde e é salpicada por esguios coqueiros.
E, por estar com o pensamento ocioso, fico conjeturando: existem ilhas masculinas e ilhas femininas? Por suas características, aquelas duas assim o parecem.
Então, dou asas à imaginação e uma certa melancolia me assalta a alma: por que elas não estão mais próximas para que, através de uma mesma onda, possam se tocar? Por que algum maremoto não as uniu de uma vez?
Elas são, certamente, como alguns de nós, que vivemos perto um do outro, desejando ser um só, mas as proibições da vida e das convenções sociais impedem esta consumação. Quem de nós não vivenciou, pelo menos uma vez na sua existência, tal frustração ?
Muitas vezes, embora vivamos em um arquipélago, somos ilhas isoladas como aquelas, nas quais a brisa do mar leva o aroma das flores de uma para a outra, em que as gaivotas acariciam com seu gracioso pouso, a ambas, como se fossem portadoras de mensagens de amor.
Também a brisa nos pode trazer o perfume de alguém que está fisicamente próximo de nós, mas, por força da nossa racionalidade, longe e inacessível por razões que somente o destino conhece.
Muitas vezes temos o mesmo fado daquelas pequenas ilhas: continuar separados para sempre. A elas, ainda resta uma esperança: que a humanidade, no seu progresso avassalador e capacidade de alterar a geografia, venha a construir uma ponte que as una.
Quanto a nós, continuaremos, infelizmente, a ser ilhas perdidas no oceano desta nossa existência terrena.
