José já vivera 72 anos bem vividos quando resolveu frequentar uma moderna academia de ginástica.
Egresso de duas cirurgias a que se submeteu no espaço de quarenta dias, por força dos pós-operatórios, teve que diminuir a intensa atividade física que exercia, apesar da sua idade já um tanto avançada.
Considerando-se “enferrujado” e também por ter sido aconselhado pelo seu médico a fazer alongamentos para auxiliar na recuperação do joelho operado, matriculou-se em aulas de musculação e hidroginástica.
Escusado dizer que aquele ambiente era para ele um outro mundo porque, frequentado em 90% por jovens, tudo é adequado para eles e para o vigor e força que possuem:
A vibrante e alta música ambiente, incluindo tum tum tum, a butique anexa com roupas próprias para moços e moças, a lanchonete com um sortido cardápio de burgers e megamass, e os aparelhos para musculação apresentando pesadas anilhas, que necessitaram ser substituídas por mais leves, para poderem ser movimentados por aquele neófito com evidente perda de massa muscular.
Vexatórios foram os halteres escolhidos pelo professor para a primeira aula. Não deviam ter um quilo cada um. O fato causou um certo desconforto ao novo aluno ao compará-los com os que manejavam os jovens.
A culpa é do doutor Rolando, pensou. Ele não tinha nada que indicar no seu atestado: “Apto para exercícios de média intensidade”. Mas tudo bem.
Os alongamentos prescritos acabaram por mobilizar alguns músculos que estavam por muito tempo em estado latente, o que lhe causou algumas dores. “Faz parte”, pensou.
Algumas articulações estalaram, já que há muito não eram solicitadas a executar flexões e extensões máximas. A movimentação das graciosas e “saradas” representantes do belo sexo, trajando reveladores colans de laicra, foi duplamente gratificante, pois, por serem todas as paredes forradas com espelhos, ele pôde contemplá-las em dobro, ou seja: “o verso e o anverso”.