Alta madrugada. Quietude total. No céu, as estrelas já faíscam menos intensamente, como que sonolentas, esperando pela hora do seu merecido repouso.
Pela janela entreaberta penetra o suave olor da terra úmida e da relva orvalhada.
Lá pelas bandas do leste, sobre o mar, aparecem os primeiros alvores do astro-rei. O oceano parece ter-se incendiado lá no horizonte. Lá, algumas nuvens são banhadas pela vermelhidão do sol e ali ficam como se fossem os fumos daquele incêndio.
Então, ele mostra sua face: primeiro espia para ver a imensidão que ele tem à sua frente. E vai se levantando. Agora, aquelas nuvens, matizadas pelo vermelho, mais parecem um manto ornado para receber uma divindade.
Sobre o mar, um facho de reflexos dourados parece indicar ao sol o caminho a seguir.
As estrelas se “apagam”, ofuscadas por um brilho de maior grandeza. Somente a estrela Vésper mostra alguma rebeldia, sendo a última a ceder ante a presença de uma nova majestade.
A magia das ondas, que agora já são azuis, no seu marulhar incessante, nos atraem para a beira do mar. Serpenteando pelas areias douradas, o Arroio Corrente abre caminho, desbarrancando volumosos torrões de areia em suas margens.
Silenciosamente lança suas águas no mar. Elas voltarão às suas nascentes com a chuva, no infindável ciclo das águas.
Um bando de andorinhas e um solitário tesourinha povoam a fiação dos postes, todos olhando em nossa direção.
Assim é a alvorada na Praia do Arroio Corrente, em Jaguaruna.