Domingo, 14 de dezembro de 2025
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JOSÉ WARMUTH

13/06/2025 06:00

No elevador

Para muitas pessoas, a última etapa até o trabalho é o elevador.

Trata-se de um lugar interessante no qual, se o nosso destino é nos últimos andares, há tempo para analisarmos a expressão dos passageiros e conjeturarmos sobre o que vão fazer lá em cima.

Uma senhora já idosa, elegantemente vestida, permanece com a mão na bochecha e tem uma expressão de sofrimento. Certamente a sua dentadura apresenta problemas. Por ser ela vaidosa, o que é muito natural em mulheres, ela a tem na boca. Com toda certeza vai ao dentista.

Uma pequena criança, no colo da mãe, não para de chorar. Ela não repreende. Apenas cochicha ao seu ouvido:

- Já vamos chegar no consultório do “tio” Arari. Ele já vai dar um remedinho. Não é injeção!

Um jovem, de terno e gravata, portando uma elegante pasta de couro, enxuga o suor do rosto com um lenço. Deve ser um advogado, voltando de uma tumultuada audiência no fórum.

No andar da lanchonete, “embarca” um rapazinho, de seus quinze anos, trazendo uma garrafa térmica. Ele me faz lembrar do meu primeiro emprego como boy em uma firma de importação de algodão e babaçu do Maranhão, onde eu tinha também a tarefa de ir comprar café e o açúcar cristalizado, com o que o chefe adoçava seu café. De vez em quando eu roubava um cubinho,

No andar do salão de beleza, entra uma bela moça, exalando um apetecedor e doce perfume, que impregna o pequeno universo da cabina.

-- Oh, está subindo?

Pergunta fingido surpresa, pois na realidade ela quer mesmo é marcar a sua presença no elevador.

Ainda bem que não estamos na França, pois lá passei pela experiência de tomar o pequeno ascensor do Arco do Triunfo. Acontece que os franceses não são muito chegados a tomar banho e, por isso, preferi descer pela escada. Trezentos e sessenta degraus.

Diário do Sul
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