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JOSÉ WARMUTH

06/12/2024 06:00

Colorindo a fauna

Quando o Criador plasmou os animais, assim como no caso de Adão, usou o barro como matéria-prima. 

Uma vez prontos e secos, todos tinham a mesma cor: o cinza.

Então, em uma segunda etapa, Ele, munido de tintas e pincéis, tal qual um inspirado pintor de hoje, passou a dar cor para cada um deles.

Como a esperança, também conhecido como grilo verde, ao qual deu ao formato de uma folha, ansiava por voar mais longe do que conseguia, manteve-lhe a fé, pintando-o de verde para que pudesse se esconder dos predadores, e assim voar distâncias maiores.

Quanto à zebra, como era muito dorminhoca, resolveu vesti-la de branco com listras pretas, o que deu origem ao pijama dos dias de hoje.

Ao porco landrace, roliço e delicado, deu um tom de rosa, por associar esta cor à delicadeza do animal.

A joaninha ficou muito sem graça pintada de vermelho. Assim, o Criador acrescentou-lhe sete pintas pretas. Ficou lindo! Teria sido ela a inspiração para as cores do Flamengo?

Ao término do primeiro dia, a tinta chegou ao fim. Era a vez da girafa. O amarelo deu para cobri-la, mas o castanho escasseava e não dava para fazê-la bicolor, como era Sua intenção. O pescoço e as pernas eram muito longos. Então, só deu para pintar manchas em todo o corpo. Ainda assim, por ser divina, a obra de arte ficou bonita: um lindo mosaico.

A meiguice da pomba inspirou-Lhe paz e tranqüilidade. Por esse motivo, pintou-a de branco e ela passou a ser a pomba da paz.

Aí veio a preguiça pós-prandial (aquela lassidão que acontece depois do almoço). O leopardo já estava pintado de  um dourado lindo ao qual, aleatoriamente, Ele acrescentou esparsas manchas negras. Mas, graças a sua genialidade, ficou lindo.

Quanto ao pavão, Adão e Eva, que a tudo assistiam, comentaram não ter ele qualquer sex appeal.  Aí, o Todo-Poderoso, num arroubo surrealista, usou muitas cores da sua paleta e criou  com elas, na cauda do animal, um maravilhoso leque iriado. Uma obra-prima, irresistível para o elemento feminino.

Então chegou a vez do camaleão. 

- Barbaridade! Que feinho você ficou. Mas agora, você já está seco. Assim, vou dotá-lo  com duas cores que você poderá alternar para sobressair ou para se esconder no meio ambiente. Por fim, chegou a vez do vagalume. 

- Olhe, bichinho, esqueci de dar asas a tua fêmea. Então, ao invés de pintá-lo com uma cor tipo “cheguei” e por terem vocês hábitos noturnos, vou dotá-lo de uma linda luz verde. Assim, a tua companheira poderá rastreá-lo na escuridão. 

Terminado o serviço, o Criador foi descansar. 

Foi quando as borboletas, temendo não serem alvo da atenção dEle, voaram até a paleta divina e banharam-se em cada uma das tintas, algumas em mais de uma.

No dia seguinte, embora tivesse ralhado com as pequeninas, a Divindade gostou do resultado da travessura.

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