Há cerca de sete anos, a moradora de Jaguaruna alegra os passageiros do trem maria-fumaça com o seu lenço branco
Dona Ilza Satiro Ricardo, carinhosamente conhecida como Dona Eponina, de 74 anos, se tornou uma figura conhecida e querida entre os passageiros da maria-fumaça.
Nascida e criada na comunidade de Porto Vieira, em Jaguaruna, onde mora, há aproximadamente sete anos passou a acenar com um lenço branco sempre que o trem turístico passa próximo à sua casa.
O gesto nasceu de forma espontânea e afetiva. Jefferson Vitorino, sobrinho de dona Eponina, começou a trabalhar na ferrovia, participando dos passeios da maria-fumaça, e comentou em uma conversa familiar que o trem passaria por sua casa. “Sem pensar, peguei o paninho branco e comecei a abanar. No começo era apenas uma brincadeira, um gesto de carinho para o meu sobrinho. Hoje, se não posso estar na janela no horário do trem, sinto falta, mas me lembro mesmo assim”, contou.
Gesto que contagia
Com o tempo, o ato simples se tornou uma tradição que encanta passageiros e tripulantes.
Segundo dona Eponina, a reação das pessoas é sempre calorosa. “Eles abanam, gritam, dão oi. É uma festa só! É muito gratificante. Quando escuto até berros de ‘Oi, Vozinha!’, meu coração se enche de felicidade. Espero que eles sintam a alegria que eu sinto”.
O gesto, que começou para cumprimentar apenas o sobrinho, se expandiu e se tornou uma forma de compartilhar alegria com todos os que passam. “Quero ser lembrada como alguém que tenta levar um pouco de felicidade às pessoas. A senhorinha do lenço branco já há mais de sete anos participa dos passeios da maria-fumaça”, disse emocionada.
Além da interação com o trem, dona Eponina incentiva a reciprocidade. Ela sugere que os passageiros também acenem para as pessoas pelas quais passam: “Que aproveitem cada momento do passeio, abanem nas janelas do trem para as pessoas por onde passam, levando alegria e emoção. E que Nossa Senhora sempre os acompanhe”.
O gesto se tornou uma tradição local e é reconhecido como símbolo de acolhimento e carinho. “Eu iria abraçar todos, recebê-los com muito carinho e emoção, perguntar se estão bem e dizer o quanto fico feliz com cada aceno, com cada berro, com cada ‘Oi’. Significa muito para mim. Vou continuar até quando Deus e Nossa Senhora permitirem”, garantiu.
Para Dona Eponina, essa prática não é apenas uma forma de cumprimentar os passageiros, mas uma maneira de reforçar valores como alegria, empatia e conexão humana.
Cada viagem da maria-fumaça que passa por sua casa é um momento de celebração, tanto para ela quanto para os passageiros, transformando uma rotina simples em um encontro de carinho e sorrisos.