Encontro reuniu parlamentares, profissionais da saúde, associações e pacientes, que defenderam acesso ao tratamento
O uso da cannabis medicinal no tratamento de doenças crônicas foi tema de uma audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).
O encontro, promovido pela Comissão de Saúde, reuniu parlamentares, profissionais da área médica, pesquisadores, representantes de associações e familiares de pacientes, que discutiram tanto os avanços quanto os obstáculos para a efetivação da lei estadual que garante o fornecimento gratuito de medicamentos à base da planta.
Durante o debate, diversos encaminhamentos foram apontados como fundamentais para ampliar o acesso à terapia. Entre eles, a capacitação de médicos e profissionais de saúde para prescrever e orientar o uso correto dos compostos, a possibilidade de convênios entre o poder público e associações que já produzem o óleo de cannabis e até a autorização para que agricultores familiares possam cultivar a planta para fins medicinais.
A ideia, segundo os participantes, é criar condições para que o tratamento chegue a quem mais precisa e de forma menos onerosa.
Parlamentares presentes ressaltaram que o estado possui uma das legislações mais avançadas do Brasil sobre o tema, mas ainda enfrenta entraves práticos. A deputada Paulinha (Podemos), que propôs a audiência, destacou que o desafio principal é transformar a lei em realidade efetiva. “Temos que garantir que esse medicamento chegue a quem realmente necessita e não tem condições de pagar. A legislação é um passo importante, mas precisamos avançar na aplicação prática”, afirmou.
Outros deputados também se manifestaram. Padre Pedro Baldissera (PT) criticou pontos do decreto que regulamenta a lei, alegando que o acesso acaba sendo limitado por excesso de exigências. Já o secretário estadual de Saúde, Diogo Demarchi Silva, defendeu o modelo adotado e disse que o governo está disposto a ouvir a sociedade e aprimorar os mecanismos de fornecimento.
Importância
Além dos posicionamentos técnicos e políticos, a audiência foi marcada por relatos emocionantes de pacientes e familiares que convivem diariamente com os desafios do tratamento. Representantes de associações destacaram a importância do trabalho coletivo e da solidariedade para garantir que medicamentos cheguem a pessoas em situação de vulnerabilidade. Médicos e pesquisadores também reforçaram que já existem evidências científicas suficientes para comprovar a eficácia da cannabis em diferentes doenças, como epilepsia, Parkinson, Alzheimer, transtorno do espectro autista e fibromialgia.
