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RENATA DAL-BÓ

10/04/2024 06:00

Uma menina muito maluquinha

Já estava com a minha crônica da semana pronta quando soube da morte de Ziraldo, no último sábado, dia 6 de abril. Ziraldo dispensa apresentações, assim como seu personagem mais famoso: o Menino Maluquinho. Tinha dez anos quando ganhei do meu padrinho o livro do menino que enchia a casa de som e alegria, que tinha dez namoradas, tinha fogo no rabo e macaquinhos no sótão (embora nem soubesse o que significava macaquinhos no sótão), que era o menorzinho, o mais espertinho, o mais bonitinho, o mais maluquinho. A história do menino que cresceu e descobriu que, na verdade, tinha sido um menino feliz, me acompanha até hoje. Tenho o livro guardado na estante como uma relíquia, um amuleto da felicidade. 

Não podia deixar de fazer uma pequena homenagem a este cartunista, chargista, escritor, cartazista, caricaturista, cronista, desenhista e jornalista brasileiro que encanta milhares de crianças e adultos com suas ilustrações e histórias. Lembrei-me que já havia citado um trecho de “O menino maluquinho” em uma crônica. Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que a citação estava no primeiro parágrafo de minha primeira crônica publicada no Jornal Diário do Sul, no dia 13 de março de 2012, intitulada “Memórias de uma mulher de 40”.  O título é em alusão à idade que eu tinha acabado de completar na época. Transcrevo abaixo um trechinho.

“Como conta Ziraldo em seu livro ‘O menino maluquinho’, sucesso entre a garotada nos anos 80: ‘teve uma coisa que ele não pôde pegar, não deu para ele segurar, embora ele soubesse transá-la como um milagre. O menino maluquinho não conseguiu segurar o tempo! E aí, o tempo passou. E, como todo mundo, o menino maluquinho cresceu. E foi aí que todo mundo descobriu que ele não tinha sido um menino maluquinho, ele tinha sido era um menino feliz!’.

Assim como o menino maluquinho, livro que li mais de 100 vezes na infância e outras tantas para meus filhos, não consegui segurar o tempo, embora também tenha lidado muito bem com sua passagem.”

Ontem tirei meu livro da estante e o reli mais uma vez. E, uma vez mais, ri e me emocionei com a história daquele menino doce, levado, companheiro, engraçado, aventureiro, sonhador. Aquele menino me lembra a menina maluquinha que eu carrego comigo e que me não me deixa perder a capacidade de sonhar e imaginar um mundo melhor. 

Ziraldo, meu querido, você é imortal no coração de milhares de leitores. Seu espírito criativo e sua paixão pela vida continuarão vivos em suas obras atemporais, que inspiram e encantam maluquinhos de todas as idades.  
 

Diário do Sul
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