Escutei a expressão acima pela primeira vez há alguns anos quando perguntei a um colega se ele havia recebido convite VIP para ir a uma determinada festa e ele me respondeu: “Quem sou eu na fila do pão?”, ou seja, “que importância tenho eu para receber tal consideração?” Achei muito engraçado. Essa expressão me veio à cabeça quando li recentemente que o mundo chegou a 8 bilhões de habitantes. Imaginei-me uma formiguinha no meio de um formigueiro gigantesco. Afinal, quem sou eu na fila do pão? Quem sou eu no meio destas 8 bilhões de pessoas?
Todos os dias quando acordo penso nas atividades que preciso cumprir e que significado elas têm na minha vida para que valham a pena serem realizadas. É verdade que nem sempre consigo achar um sentido maior. Muitas vezes ligo o automático e deixo a vida me levar, sem pensar muito no porquê das coisas.
Deixando a soberba de lado, não quero ser mais uma na multidão. A vida precisa ter algum sentido para que minha existência seja justificada. Preciso, de alguma maneira, ser relevante, pelo menos para os que me cercam, meus filhos, minha família e amigos. Quero fazer falta para algumas pessoas no dia em que não estiver mais neste plano. Mais que isso, quero deixar um legado para as gerações futuras.
Acho que por isso escrevo, para me fazer existir, para dar sentido à vida. Para que neste mundo ordinário em que vivemos, eu possa descobrir algo extraordinário, que estava escondido nas entrelinhas. Escrevo para não ser invisível, para ser lembrada, para que, por meio das minhas histórias, meus netos, bisnetos, tataranetos, possam conhecer um pouquinho da vó, bisavó, tataravó Renata. Já que não sou imortal, que sejam meus pensamentos, minhas ideias, os registros dos meus sentimentos, de minha maneira de ver o mundo. Meus escritos me fazem sentir que sou alguém muito especial na fila do pão.