Conforme prometi na coluna de quinta, repasso agora os detalhes do que obtive do médico vereador Jean Abreu Machado, na entrevista da Cidade FM, sobre sua migração do PSD para o PP e o possível abalo nas relações com o prefeito Jairo Cascaes, presidente da sigla e maior liderança do PSD tubaronense. Quando me referi, na entrevista, a estes dois tópicos, Jean se mostrou tranquilo e não me pareceu nada constrangido ou envergonhado. Nem quando questionei sobre a nota publicada pelo amigo e colega colunista Arilton Barreiros, dando conta de que ele teria deixado o partido sem comunicar o fato ao prefeito Jairo.
O acordo feito
Jean afirmou que isso não era verdade e que, inclusive, já havia conversado com o jornalista em questão (ele evitou citar o nome), esclarecendo tudo, e que inclusive não guardava nenhuma mágoa pela divulgação da nota, pois compreendia que o jornalista também tinha sido vítima de uma fonte mal informada. “Eu nunca iria ser ingrato com o partido e muito menos com o prefeito Jairo. Fez parte, inclusive, do meu acordo preliminar com os dirigentes e vereadores do PP, que nada fosse assinado e muito menos publicado antes que eu tivesse uma conversa com Jairo e com o Julio Garcia. Conversas que serviriam apenas para comunicá-los sobre a minha decisão, pois eu não voltaria mais atrás, mas teriam que acontecer antes do anúncio oficial”.
O desencontro
Segundo o vereador, foi neste ponto que se deu o conflito. Ele saiu do encontro com os progressistas e só não se preocupou muito porque já tinha uma audiência agendada com o prefeito para as 17h. No início da tarde, porém, começou a receber manifestações de amigos questionando sobre a migração e constatou que, infelizmente, a informação estava vazada. “Sabes como são essas coisas, né? O ditado já diz que não existe segredo quando uma outra pessoa fica a par do que você pensa, imagina, então, quando não uma só, mas várias outras sabem”. Foi por isso que ele tentou antecipar o encontro com o prefeito.
Já estava sabendo
“Eu cheguei a falar com a assessoria do prefeito tentando antecipar a conversa para as 13h, mas a agenda dele não permitia. Quando cheguei na prefeitura tinha quase certeza – como se confirmou – que ele já havia sido informado por outros, o que eu queria evitar”. Segundo Jean, não houve traição, pois ele nunca prometeu nada ao PSD da mesma forma que o PSD, ou mesmo alguma liderança forte ligada ao partido, nunca havia lhe oferecido qualquer oportunidade maior, em termos de cargos a serem disputados.
Fiel ao prefeito na eleição tampão
“Se o Jairo entendeu o meu movimento como um ato de traição, eu só tenho a lamentar, pois tivemos ocorrências anteriores onde pude mostrar toda a minha lealdade, e diante de situações difíceis de serem contornadas. Era pressão de todos os cantos”. Ele se referia, naturalmente, à eleição de Jairo para o mandato-tampão, onde o nome de Jean surgiu, inclusive com o apoio até mesmo da oposição, para encabeçar uma chapa única, de consenso. Na oportunidade, o médico desarticulou o movimento, deixando claro que apoiava Jairo e não iria nunca para uma disputa, pois entendia que o colega merecia ser o prefeito.
Ele me conhece
Sobre essa questão de lealdade, achei interessante algo dito por Jean Abreu. Observando que o que mais havia lhe atraído no convite feito pelo PP tinha sido a oferta para disputar a eleição de prefeito, indaguei se, por acaso, Jairo não teria tentado lhe persuadir, ofertando o mesmo pelo PSD. Ele respondeu de bate-pronto: “Jairo é inteligente o suficiente para saber que eu não aceitaria, pois já provei a ele que a palavra dada vale, para mim, mais que o papel. Eu nunca faria leilão com algo tão significativo que me foi oferecido pelos progressistas. Aliás, eu nunca fiz leilão com nada na minha vida”, finalizou.