Por mais que a gente tente selecionar o que vai consumir na internet, tem vezes em que é impossível. Essa semana não teve como deixar de ler sobre Léo Lins, um infame humorista que ganha dinheiro humilhando pessoas com deficiência, negros, judeus e outras minorias sociais. Sim, vamos falar de uma maneira clara: ele ganha muito dinheiro com essa “brincadeira”. Seus vídeos são mais compartilhados e ele se torna mais conhecido a cada notícia como a dessa semana, com uma condenação à prisão. Indenizações por dano moral, mesmo que coletivo, já não são mais um problema diante do lucro que as visualizações nas redes sociais proporcionam, o que de quebra lota teatros Brasil afora. Sim, existe um modelo de negócio baseado na humilhação de quem não tem como se defender. Entendo perfeitamente que a ideia de prender um humorista não soa bem. Parece censura. Mas vamos refletir: o que acontecerá com um cidadão que diga em forma de artigo o que o Léo Lins diz sob o pretexto da piada? O caso dele é ainda mais grave porque ele lucra com a humilhação alheia – e as vítimas que paguem com sua saúde ou até a sua vida para lidar com o “ódio divertido” que vem atrás. Se a cadeia for um exagero - e não estou convencido de que seja -, precisamos discutir se queremos um mundo em que se topa tudo por dinheiro.
As bolsas da Unisul
O governador Jorginho Mello iniciou uma inusitada ofensiva contra a UniSul na última semana. As grandes vítimas não são os donos do grupo Ânima, dono do terceiro maior faturamento do país em ensino superior. A bomba já estourou no colo dos alunos que dependiam da bolsa de estudos para alimentar o sonho do diploma. Em breve as consequências chegarão à economia de Tubarão e região, que ainda depende consideravelmente do movimento que a universidade proporciona.
Peito aberto
Aqui mesmo nessa coluna fiz críticas muito contundentes à forma como a gestão da UniSul foi repassada a um grupo. Posso tranquilamente revisitar todos os argumentos que levantei não apenas em meu nome, mas de toda uma parcela considerável da comunidade acadêmica. Mas repito: o governador está mirando nos alunos. Coincidência ou não, logo depois de virem à tona as investigações do Tribunal de Contas sobre os critérios de seleção der alunos do Universidade Gratuita. É preciso estar atento e forte.
A fuga da Carla
A ainda deputada federal Carla Zambelli seguiu os passos de Jair e Eduardo Bolsonaro: meteu o pé do Brasil ao menor risco de prisão e consagrou uma prática política associada à extrema direita brasileira moderna. É bem provável que ela de fato escape da cadeia. Porém, os reflexos políticos muitas vezes provocam ondas que se revelam anos depois. Daqui a algumas eleições é que vamos saber se essa estratégia constrói grupo.