Segunda-feira, 08 de dezembro de 2025
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MATHEUS MADEIRA

08/08/2025 06:00

Ditadura é outra coisa

Eu vi – e vocês também, ainda que não quisessem – uma cena insólita essa semana: uma deputada federal usando um bebê, com meses de idade, como “escudo”. Ela mesma disse isso: como escudo. Já seria suficiente para parecer um episódio de Black Mirror, uma série inglesa que faz a ficção científica se misturar com a realidade dos novos tempos tecnológicos. Mas tem mais: a deputada alega estar lutando contra uma ditadura. Um regime que não a impede de usar a filha como escudo, expondo a criança a uma infinidade de riscos em nome de engajamento no TikTok. A gente sabe que ditadura é outra coisa. Entre o Golpe de 64 e a redemocratização, duas décadas depois, foram mais de 400 mortos, torturas e muito mais. O jornalista Vladimir Herzog foi preso, assassinado e vítima de mais uma atrocidade depois de morto: tentaram simular seu suicídio em uma imagem icônica. Há selfies que deveriam causar vergonha em seus autores. Mas, assim como em um dos melhores episódios de Black Mirror (“Queda Livre”, recomendo, da terceira temporada), há quem veja a vida calculada em likes.

Ilegal e impossível
Não há ninguém em Brasília tolo a ponto de achar que é possível promover o impeachment de um ministro do Supremo Tribunal Federal só porque suas decisões não são do seu agrado. Todo esse pessoal que ocupou a mesa do Congresso Nacional por dois dias sabe que aquilo só serviu para buscar o tal engajamento, que hoje vale ouro. A questão é: de que lado deste clique você está? Do que se beneficia disso para renovar o mandato ou do que aperta os botões do celular e da urna?

Ciro, o sincero
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro, virou alvo de ataques por dizer o óbvio: não assina a tal PEC por sua mais absoluta inviabilidade jurídica e política. Foi mais sincero que os parlamentares de Santa Catarina, que sucumbiram à grita das redes sociais na esperança de que os likes virem votos no próximo ano. O tempo dirá.

Sóstenes, o prudente
Até o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, resolveu colocar a lucidez em prática. Admitiu que não há nenhum acordo para votar o projeto de lei que anistia os criminosos que tentaram o golpe em 2023. Pediu ainda perdão ao presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) por sentar na sua cadeira de forma indevida.

Diário do Sul
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