Sou adepto da tese de que devemos começar qualquer debate delimitando o que é consenso entre as partes. Sejamos sinceros: ninguém duvida que a invasão às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 não foi “apenas” uma manifestação violenta com depredação de patrimônio público. Aquele pessoal estava lá na tentativa de inviabilizar o exercício de governo, todos sabemos disso. Foi uma tentativa de golpe meio estabanada? Com certeza – como, aliás, foi todo o governo que gerou esse movimento. Faltou combinar com o Exército? Evidentemente. Podemos adicionar até algumas pitadas de covardia, já que os mandantes ficaram em casa, enquanto o front era ocupado por incautos “patriotas” que acharam uma boa ideia transmitir o ato em lives no Instagram. O fato é: se não houver punição exemplar, quem vai impedir os derrotados na próxima disputa presidencial de tentar impedir o governo de governar na marra? A tese da anistia é um risco democrático ainda maior que a tentativa de golpe em si, porque pode normalizá-lo. De duas semanas para cá vemos uma articulação mais sofisticada e descarada: simplesmente revogar a Lei da Ficha Limpa. Tradução: anistia apenas ao ex-presidente, deixando na estrada quem fez o serviço sujo no seu lugar. De fato há um mundo que é dos espertos.

O caminho da descarbonização
Uma audiência realizada nesta semana entre lideranças políticas da região e o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, mostrou que o futuro do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda precisa estar atrelado ao desenvolvimento de tecnologias que permitam uma redução muito significativa das taxas de emissão de carbono no processo de geração de energia. É um assunto com o qual o desenvolvimento do Sul de Santa Catarina tem encontro marcado.
Derrubada do veto
O assunto é de total interesse dos municípios da região carbonífera, que fornecem a matéria-prima para a usina. É bem provável que o veto do presidente Lula à contratação de termelétricas seja derrubado pelo Congresso – com a anuência da bancada do governo. Um paliativo que dá tempo para um novo caminho.
Catástrofes climáticas
A descarbonização na geração de energia é um caminho tido como sem volta em todo o mundo, apesar dos sobressaltos da política internacional. É impossível fazer afirmações muito convictas num cenário em que Donald Trump acabou de assumir a presidência dos Estados Unidos e ninguém sabe ao certo até que ponto suas promessas são meras bravatas. As catástrofes climáticas são mais impactantes que seus discursos.