A extrema direita de Santa Catarina vive uma história de amor não correspondido com Bolsonaro. O estado apostou firme na sua ascensão ao poder, em 2018: conferiu-lhe nada menos que 75% dos votos. Quatro anos mais tarde, tornou-se consensual a conclusão de que seu governo não havia feito nada por aqui, mas o resultado ainda foi impressionante: 69%. Mais que não correspondido, esse sentimento às vezes parece um tanto obsessivo – embora eu não seja habilitado a formular diagnósticos, apenas palpites. O recuo do tarifaço anunciado por Donald Trump aliviou a barra de muitos estados, mas deixou os catarinenses numa cilada assustadora. Madeira, frangos, suínos e soja pagarão o preço da luta destrambelhada da família Bolsonaro pela liberdade a qualquer custo do patriarca. Nessa hora, dá para ouvir de longe a voz de Beth Carvalho entoando “Vou festejar”, o grande sucesso (composto em 1978 por Jorge Aragão, Dida e Neoci Dias) de sua vasta carreira: “Vou festejar/ o teu sofrer, o teu penar/ Você pagou com traição/ A quem sempre lhe deu a mão”.
Recálculo de rota
A recepção à possibilidade de Carlos Bolsonaro concorrer ao Senado em Santa Catarina foi tão desastrosa – mesmo na tal extrema direita – que parece ter feito o governador Jorginho Mello recalcular a rota em seu GPS político. Talvez não seja coincidência que Esperidião Amin tenha começado a fazer vídeos pouco ortodoxos, chegando ao ponto de dizer que gostaria de um filho como Eduardo Bolsonaro. A política é mesmo fascinante.
Suposições
O PSD anda atrás da filiação da deputada federal Geovania de Sá, que deve deixar o PSDB quando a janela for aberta, no ano que vem. Se der certo, é difícil imaginar que ela não tenha o apoio de Julio Garcia para a empreitada. Julio deixaria, nesse caso hipotético, de concorrer a uma cadeira para a Câmara dos Deputados.
Mais suposições
Também não concorreria a deputado estadual, já que por lá o ex-vereador Arleu da Silveira já se arma como pré-candidato. Deixando a especulação rolar, podemos imaginar Julio como candidato a vice-governador na chapa de João Rodrigues. E Clésio Salvaro nessa história? Há quem diga que ele quer mesmo é voltar a ser prefeito de Criciúma. Não é que a conta parece fechar?