O elefante Dimba, um habitante das estepes da África do Sul, vivia descontente e deprimido por ser um quadrúpede.
Ele tinha grande admiração pelo homem e invejava alguns macacos superiores, como os gorilas, que andam sobre dois pés.
Tomado por verdadeira ideia fixa, solicitou uma audiência com sua majestade, o Rei Leão, e na entrevista perguntou ao monarca como ele poderia ajudar para que ele passasse a andar como os bípedes. O rei mandou chamar o seu ministro do povo, a raposa, para estudar a reivindicação.
- Por que você deseja andar como os homens? - perguntou a raposa.
- Para poder ver mais longe e me precaver contra os caçadores de elefantes, que nos abatem somente para tirar o marfim das nossas presas; para poder alcançar as ramagens mais suculentas, que estão nos galhos mais altos das árvores; e para satisfação do meu ego, pois a assunção da posição ereta denota evolução das espécies.
- Tudo bem. Estes seriam os fatores positivos, mas você já pensou nas desvantagens? Você não tem dedos nas patas e estas seriam imprestáveis para as tarefas que lhes dão os homens.
Os humanos têm varizes, lombalgia e hemorroidas por causa da posição ereta. Você, com o peso que tem, certamente iria padecer desses males, além de ser um sério candidato a ter uma artrose no joelho por sobrecarga de peso.
E ainda mais: ao vê-lo andando desta maneira, os homens iriam capturá-lo e o seu destino seria o circo, tal qual aconteceu com o Dumbo.
Então, Dimba baixou a cabeça, tromba rastejando no chão, e acabou convencido de que neste mundo temos que aceitar o nosso destino e a maneira como fomos feitos, sem afrontar o Todo-Poderoso, que nos fez assim.