Abre-se a caixa de ferramentas. Ofuscados pela súbita claridade, o prego e o martelo iniciam um inusitado bate-papo:
Diz o martelo: “Olha, cara: vamos ser usados para uma carpintaria”.
Responde o prego, exibidamente: “E estou vendo que é para repregar o degrau de uma escada de madeira. Bem clara a responsabilidade que vou ter: dar segurança a quem subir a escada.
“É, mas você não pode fazer isto sem que eu te coloque lá.”
“Infelizmente é assim”, diz o prego. E aduz: “Você é muito estúpido, batendo na minha cabeça, martelando meus nervos, sem dó nem piedade. Qualquer dia desses vou precisar consultar um neurologista para avaliação dos danos que você me causa”.
“Isto não depende de mim”, responde o martelo. “E você poderia requisitar os serviços de um anestesista. Não tenho culpa de o carpinteiro usar força bruta para isso. Tenho que tomar muito cuidado para não entortar você”.
“No problem, não vê que eu sou de aço inoxidável? Se eu não fosse um atleta, iria precisar de um ortopedista, certamente”.
O martelo: “É, pobre de mim, que sou de ferro. A ferrugem já está me afetando. Já, já eu terei que consultar um dermatologista.”
“E se você continuar deprimido, não hesite em consultar um bom psiquiatra.”
“Olha, vamos calar a boca, pois já vamos trabalhar...”
