A escolha de Vinicius Júnior feita por torcedores e capitães, divulgada numa cerimônia de gala organizada pela Fifa, em Doha, no Catar, foi algo protocolar. O melhor do mundo saiu da favela para brilhar no Flamengo, sonho de muitos jogadores de futebol: brilhar num clube brasileiro e garantir a sua independência financeira no continente europeu. A saída do Flamengo para o Real Madrid, numa transação milionária, só deu certo por conta do apoio que o atleta recebeu do clube e da família. O menino preto venceu, não gosto desta frase, mas ela retrata o drama que vive diariamente. Vini Jr sofre este preconceito no momento que vai exercer a sua profissão, ou seja, jogar futebol com alegria e entreter quem paga o ingresso para ver o time do seu coração e não ofender um atleta de altíssimo nível.
Clube x Seleção
Em campo ele é, sem dúvida, o melhor e o mais valorizado no estrelado elenco do Real Madrid, mas muitos vão me perguntar: por que ele não faz sucesso igual vestindo as cores da “amarelinha”? A resposta é simples: ele tem que jogar da mesma forma que joga no clube merengue. Não critico o Dorival, mas o que está instituído na nossa seleção. Quem sabe com o retorno de Neymar, Vini Jr possa, após essa conquista, não só para ele, mas para o futebol brasileiro, ser um dos protagonistas na classificação da Seleção para a Copa do Mundo em 2026.
SOS Racismo
Segundo dados da Federação SOS Racismo, formada por organizações autônomas que lutam contra o racismo na Espanha, as denúncias de discriminação racial cresceram mais de 30% entre 2013 e 2021 no país. Na prática, os casos podem ser ainda mais volumosos: segundo uma pesquisa realizada pelo Cedre, 81,8% das vítimas de racismo na Espanha não prestam queixa às autoridades.
Espanha, um país racista
“A Espanha é provavelmente o país que inventou o racismo como conhecemos hoje”, diz Antumi Toasijé. Segundo o professor da New York University em Madri, a Península Ibérica foi palco de uma intensa luta entre muçulmanos e cristãos na Idade Média, durante a qual “se perpetuou uma narrativa racista que não existia até aquele momento no resto da Europa”.