Familiares e amigos de André Lucio Lima, o Gabé, organizam uma manifestação contra atos racistas em Tubarão. André foi agredido e chamado de “macaco” na madrugada do último sábado após ser abordado por um grupo de, pelo menos, cinco homens na rua Padre Geraldo Spettmann.
A manifestação está prevista para iniciar às 10h e a concentração inicia uma hora antes, na antiga rodoviária da cidade. Os participantes seguirão até o Centro Municipal de Cultura Willy Zumblick, na avenida Marcolino Martins Cabral. “Respeito não tem cor, tem consciência”, explica o cartaz da manifestação.
Entre as organizadoras do evento, está Camila, esposa de André. “Queremos justiça. Foi uma covardia, tanto física quanto verbal. A injúria e o racismo não podem mais ficar impunes. Sem falar da violência bruta que foi”, diz Camila.
Camila e André têm duas filhas, de 15 e sete anos. “Elas estão abaladas com tudo isso. Minha sogra também está mal, pois nunca deu um tapa no filho e agora o vê todo machucado, com hematomas pelo rosto. A família toda está revoltada, amigos também. André nunca se envolveu em brigas, ainda mais nesse nível”, explica.
O caso de André foi destaque da edição de ontem do DS. Ao jornal, ele contou que estava saindo de uma festa quando foi abordado pelo grupo. “Fui à inauguração de uma casa de festas. Em frente a essa casa tem um bar onde estava esse grupo de motoqueiros. Na saída, em torno de 3h, fui buscar meu carro e passei em frente a esse local. Naquele momento eu estava só. Eles me ofenderam com palavras de baixo calão e me chamaram de macaco. Depois, vieram para cima. Em nenhum momento fui agressivo”, conta André.
Pessoas que estavam na rua registraram o momento das agressões. No vídeo, que circula pelas redes sociais, é possível ver que o grupo se aproxima da vítima e, em determinado momento, André é imobilizado e agredido com socos. “Ao menos dois deles teriam me agredido. Eu estava embriagado, não nego. Mas naquela hora, só fui para trás”, explica.
A Polícia Militar foi acionada e registrou o caso como lesão corporal leve e injúria racial.
Polícia instaura inquérito
Na noite de ontem, o delegado Uiliam Soares da Silva informou ao DS que instaurou um inquérito policial para apurar o caso de injúria racial e lesão corporal. De acordo com o delegado, a partir de agora, a polícia buscará identificar os envolvidos na ocorrência. “Vamos coletar todos os dados sobre o fato para, ao final, indiciar ou não os suspeitos deste crime”, apontou Uiliam. Também ontem, após ser intimado, André foi ouvido pela Polícia Civil.
Em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei que equipara o crime de injúria racial ao de racismo. Injúria racial é quando a honra de uma pessoa específica é ofendida por conta de raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o de racismo é quando o agressor atinge um grupo de pessoas.
Antes da lei, a pena para injúria racial era de reclusão de um a três anos e multa. Com a sanção, a punição passou a ser prisão de dois a cinco anos. A pena será dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas.