Com apenas 19 anos naquele 24 de março de 1974, Dilson Antonio Piovesan relembra a data como um dos dias mais difíceis enquanto servia o Exército. “Fomos recrutados para ajudar. Lembro que foram três dias sem comer, dormir e beber. Tudo isso, molhado e com apenas um pensamento: ajudar quem precisasse”, lembra o tubaronense, hoje com 65 anos.
Desde 2015, Dilson reúne memórias, fotos e histórias que vão dar vida a um livro sobre a enchente de 74. “Já era para ter terminado todo o material. Mas a pandemia adiou os planos. Não sei nem precisar o que é pior: se foi a enchente ou esse momento que estamos vivendo. Enquanto isso, sigo ajustando o trabalho e pretendo, até junho, lançar a obra”, completa o tubaronense.
No livro, Dilson conta sobre o seu olhar diante da catástrofe que atingiu Tubarão e relembra também histórias de colegas que atuaram junto na época. “O que mais me marcou da enchente foram os resgates. Muitas pessoas não queriam deixar suas casas. Era tudo o que elas tinham. Além disso, mesmo diante de toda aquela água, muita gente lutava para ter ao menos um pouco para beber. Hoje, as pessoas lutam com esse vírus que ninguém vê e os deixam sem ar”, acrescenta.
Redragagem
Atualmente, numa luta para que a cidade não vivencie mais o que aconteceu em 74, o prefeito de Tubarão, Joares Ponticelli, diz que a data é um dia para se manter na memória. “Esse risco continua iminente. Na época, houve vários fatores que contribuíram para a tragédia. Não podemos perder de vista que ainda é um risco. Buscamos que a redragagem aconteça, mas infelizmente é uma novela que se arrasta. O Estado sinalizou que vai realizar o projeto, mas ainda não há data”, diz.