Silvana Lucas/DS Na linha de frente da covid-19 há mais de um ano, o médico infectologista de Tubarão Rogério Sobroza de Mello acompanha o dia a dia na luta contra a doença que assola o mundo.
Professor na disciplina de Doenças Infecciosas e Emergentes, médico do setor de controle de infecções do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) e do Hospital Socimed, em Tubarão, Sobroza, como é conhecido, afirma que a sociedade ainda não sabe lidar com a situação imposta pelo isolamento social.
“Apesar deste tempo todo convivendo com o risco, acredito que a sociedade ainda não encara bem a situação. Isso porque, além de haver pessoas cansadas do isolamento social, ainda há a baixa adesão às medidas preventivas”, fala o médico. Além disso, “chegamos à época mais fria do ano e também sobre uma ameaça de nova onda da doença”, diz.
Segundo Sobroza, isso pode impactar o sistema de saúde. “Por isso, como principais medidas protetivas, recomendamos que as pessoas com direito façam a vacinação completa contra o coronavírus, que aquelas que estão em grupos de risco também se vacinem contra o influenza e que, mesmo entre os vacinados, mantenham-se as medidas de isolamento social”, orienta.
Para o médico, o Brasil sofre com a doença e suas variantes porque o isolamento social é baixo se comparado a outros países. “A fiscalização foi branda e não houve grandes represálias àqueles que desrespeitaram as determinações do poder público. E, ainda, faltou um discurso das autoridades que deixasse clara a importância e o grau de isolamento social necessário para que fosse evitada a disseminação da doença”, destaca Sobroza.
Mesmo passado mais de um ano de pandemia, as pessoas seguem com o uso de máscaras e mantendo o distanciamento. Para Sobroza, esses protocolos ainda seguirão por vários meses. “Calcula-se que para que haja um controle da transmissão na comunidade, 80% das pessoas necessitam estar imunes. Hoje uma pequena parte da população está vacinada e a eficácia das vacinas não é de 100%. Então, ainda utilizaremos máscaras e distanciamento como importantes barreiras protetoras por vários meses”, antecipa.
Sobre a vacinação que segue em andamento, para aqueles que ainda têm receio, Sobroza fala que a recomendação é que as pessoas se vacinem assim que estiver disponível para sua faixa etária.
Novos casos
Para o futuro, Sobroza adianta que se pode esperar mutações desse vírus ou algo semelhante ao que foi vivenciado com a covid-19. “O coronavírus circula entre os seres humanos e também na natureza. Em qualquer um destes ambientes podem surgir mutações que desencadeiem novas pandemias”, diz. Ainda de acordo com o médico, algumas lições podem ser tiradas da pandemia para o futuro. “Isso nos ensina o valor dos profissionais de saúde. O valor da verdade e dos meios de comunicação sérios e o quanto somos frágeis e suscetíveis”, complementa.