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Infância antecipada: o fenômeno da adultização

Psicóloga alerta sobre comportamentos e responsabilidades precoces

21/08/2025 06:00|Atualizada em 21/08/2025 19:25|Por Amábile Corrêa / [email protected]

Cada vez mais, crianças e adolescentes têm assumido atitudes e responsabilidades próprias da vida adulta antes do tempo. Esse fenômeno é chamado de adultização, e pode se manifestar de diversas maneiras, como na escolha de roupas, gestos, linguagem, ou até na exposição a conteúdos de caráter sexual em músicas, danças e redes sociais.

Segundo a psicóloga Elisangela Sales Alencar, a adultização vai além da sexualização precoce. “A erotização é apenas uma parte do fenômeno. A adultização envolve a perda de experiências próprias da infância em diferentes aspectos, incluindo emocional, social e comportamental”, explica.

A cultura do “mini adulto”, presente em roupas, músicas e redes sociais, reduz o tempo para brincadeiras, imaginação e descobertas próprias da infância. 

Crianças que imitam comportamentos adultos podem ser tratadas como mais maduras do que realmente são, assumindo responsabilidades emocionais e sociais para as quais não estão preparadas, o que pode afetar autoestima, saúde mental e desenvolvimento cognitivo.

Impactos e cuidados   

Elisangela destaca que a família desempenha papel fundamental na prevenção da adultização. “Muitas vezes, sem perceber, os pais incentivam o uso de roupas, maquiagens, músicas e conteúdos digitais de caráter adulto, ou exigem comportamentos que antecipam fases emocionais. 

Embora a intenção seja estimular autonomia, o resultado pode ser a supressão da infância e aumento da ansiedade”, explica a psicóloga.

 

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A adultização precoce pode afetar desempenho escolar, relações sociais e saúde mental, gerando ansiedade, baixa autoestima e sensação de inadequação. A exposição nas redes sociais, muitas vezes em busca de likes e engajamento, intensifica o fenômeno, tornando crianças mais vulneráveis à pressão por aprovação externa e à reprodução de comportamentos adultizados.

Para lidar com influenciadores mirins, Elisangela recomenda orientação e mediação por parte da família e da escola. “É importante ensinar que o conteúdo nas redes nem sempre reflete a realidade, estimular o pensamento crítico e valorizar o brincar e a autenticidade, preservando a infância de forma saudável”, conclui.

Destaque nacional

O tema ganhou destaque nacional após um vídeo do influenciador Felca, levantando debates sobre os impactos da exposição precoce de crianças e adolescentes a comportamentos adultos, o que também gerou as prisões dos influenciadores Hytalo Santos e o marido dele, Israel Nata. O assunto também chegou ao Congresso com o PL nº 2.628, que busca regulamentar medidas de proteção a menores, reforçando a responsabilidade das famílias, da sociedade e das plataformas digitais.

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