Adenir Teodoro de Sousa tem 73 anos e é um dos pescadores mais velhos e ainda em atividade na praia de Itapirubá
A pesca entrou na vida de Adenir Teodoro de Sousa quando ele ainda estava na barriga de sua mãe. O pai e tios já trabalhavam como pescadores em Garopaba. Da vivência familiar para a profissão passaram-se poucos anos.
Aos nove anos de idade ele já começou a pescar na sua cidade natal. Hoje, aos 73, é, junto com Lourivaldo Dias, o Lorinho, o pescador mais velho e em atividade na praia de Itapirubá, em Imbituba, onde reside há 50 anos.
Forte, corajoso e determinado, Adenir passa os dias no barracão de pesca, onde guarda os barcos e materiais, entre eles o Tercília II, de 45 anos, nome dado em homenagem à filha.
É dos barracões e também da encosta do morro que ele percebe os cardumes de peixe se aproximando, e aí as decisões a serem tomadas são discutidas, se será a pesca de arrasto ou com barco. O certo é que haverá peixe fresquinho saindo do mar pelas mãos de Adenir.
O pescador conta que foi morar em Itapirubá após o casamento, aos 23 anos de idade. A esposa, Alice, morava no local e foi com o sogro, Manoel Domingos, o Dequinha, que ele começou a exercer a profissão na praia que hoje é sua moradia.
Da profissão que exerce há mais de 60 anos, o pescador criou seus três filhos, Leonir, Tercília e Júnior. Destes, apenas o mais velho, Leonir, conhecido como Leno, seguiu os passos da pai na pesca - começou aos sete anos de idade e hoje tem 45.
Continuidade
A paixão pela pesca é visível no olhar de Adenir, que se ilumina ao contar as histórias. Mas a tristeza invade quando ele comenta que acredita que seu filho, Leno, será das últimas gerações da pesca artesanal em Itapirubá. “Hoje está muito difícil encontrar quem queira trabalhar como pescador. Logo não haverá mais isso por aqui e a história não terá continuidade”, lamenta.
Mas enquanto a pesca existe no local, é num dos barracões, inclusive, que o pescador acompanha, empolgado, a reconstrução de um barco do filho, que está pronto novamente para ir para o mar. “Nas nossas idas para a pesca, geralmente voltamos com cerca de cinco toneladas de peixe. É uma grande alegria. E semana passada, por exemplo, só na rede de arrasto com o bote, peguei 300 quilos de peixe-espada aqui na frente”, se orgulha.