Levantamento do Ministério Público de Santa Catarina mostrou resultados
Um levantamento recente conduzido pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) revela que Tubarão possui atualmente 234 pessoas em situação de rua.
Segundo o relatório, o perfil dessas pessoas acompanha a tendência observada em outras cidades do estado: predominância masculina (91,12%), maior concentração na faixa etária de 30 a 39 anos (29,34%) e, em sua maioria, pessoas brancas (77,61%).
A maior parte está nas ruas há até seis meses (33,98%), e os principais motivos que levaram à situação de vulnerabilidade incluem conflitos familiares (51%), dependência de álcool ou drogas (35%), perda da moradia (31%) e desemprego (30%).
O estudo também destaca que a maioria dessas pessoas teve acesso à educação (93,82%) e sabe ler (89,96%), contrariando estereótipos frequentemente atribuídos à população em situação de rua.
Além disso, o estudo aponta que a grande maioria não tem (33,59%) ou quase nunca tem (24,32%) contato com parentes.
Situação
Em contrapartida, a secretária municipal de Assistência Social, Mulher e Família, Heloísa Cabral, ressalta que os números não refletem necessariamente a realidade local. “Nem sempre quem é cadastrado em Tubarão é, de fato, morador da cidade. Muitas vezes, essa pessoa está apenas de passagem e busca o cadastro para ter acesso a algum benefício”, explica.
Heloísa destaca que o Cadastro Único (CadÚnico) é um ponto de partida importante, mas precisa ser complementado com ações em campo para compreender com precisão quem realmente está sob responsabilidade do município.
Foram realizadas 27 forças-tarefas durante o ano
Desde o início de 2025, a cidade de Tubarão vem intensificando as abordagens sociais voltadas à população em situação de rua.
Até o momento, 27 forças-tarefas já foram realizadas pela Secretaria Municipal de Assistência Social, Mulher e Família, resultando na retirada de mais de 60 pessoas das ruas.
Segundo a secretaria, essas pessoas foram acolhidas e atualmente se encontram em tratamento em clínicas de recuperação, reinseridas no mercado de trabalho, retornaram às suas cidades de origem ou foram reintegradas às suas famílias.
A secretária Heloísa Cabral explica que as ações priorizam o acolhimento humanizado, a escuta ativa e contam com o apoio de profissionais das áreas de assistência social, saúde e segurança pública.
“Nosso objetivo não é apenas abordar, mas construir caminhos reais de reintegração e dignidade. Cada caso exige atenção, escuta e articulação com diferentes políticas públicas”, destaca a gestora.
Até a abordagem da última semana, que teve como foco pacientes com sintomas psiquiátricos, 196 pessoas em situação de rua foram abordadas em 2025 por meio das forças-tarefas. Dessas, 58 foram identificadas como naturais ou residentes de Tubarão, o que representa cerca de 30%.”
Ainda segundo a secretária, desse total, apenas 39 pessoas estão efetivamente inseridas no Cadastro Único, ou seja, com registro ativo no sistema.
“O cadastro é essencial para garantir o acesso às políticas públicas, mas é preciso ter cautela na interpretação dos dados, especialmente quando utilizados como base para a formulação de ações governamentais”, conclui Heloísa Cabral.
Mais de 11,5 mil no total
O estudo recente do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) revelou que o número de pessoas em situação de rua no estado já ultrapassa 11 mil. O dado foi obtido a partir de um levantamento realizado em 13 municípios catarinenses que concentram a maior parte da população em situação de rua registrada no CadÚnico até março de 2025. O relatório aponta que, juntas, as cidades de Balneário Camboriú, Biguaçu, Blumenau, Camboriú, Criciúma, Florianópolis, Itajaí, Itapema, Joinville, Navegantes, Palhoça, São José e Tubarão concentram 11.588 pessoas vivendo em situação de rua.