Bispo da Diocese de Tubarão se emociona ao lembrar dos ensinamentos
Serenidade, discernimento e simplicidade. Para o bispo Dom Adilson Busin, da Diocese de Tubarão, estas foram as principais heranças deixadas pelo Papa Francisco. Ontem, ao Diário do Sul, o bispo falou sobre o que o papa latino-americano mostrou e deixa como legado.
“Para mim, ele deixa como herança o ensinamento para a igreja de ter o pastor próximo das ovelhas. É essa proximidade que o papa teve, sobretudo com os mais excluídos, nos momentos em que ele atendeu autistas, cadeirantes, esteve próximo das minorias. Sempre foi um grande defensor dos imigrantes. A cada oportunidade de falar com algum governante ele enfatizava isso, inclusive em suas encíclicas, falando da proteção, da liberdade, das pessoas que migram”, ressalta. Dentro da igreja, as reformas também são uma grande herança, segundo o bispo. “O espaço que ele deu às mulheres, haja visto que nos últimos tempos ele nomeou uma primeira freira para estar à frente como presidente do Dicastério que trata da vida consagrada de homens e mulheres. Isso é inédito. Ele, inclusive, nos dizia que até onde ele podia colocar a figura da mulher, ele sempre o fez”, lembra Dom Adilson.
Dos legados para a humanidade, o bispo diocesano de Tubarão ressalta que Papa Francisco foi um grande defensor “da nossa casa comum, baseado em São Francisco, que é a ecologia integral, uma economia baseada na modéstia. Ele foi modesto, pedia para ser menos consumistas, mais moderados. Seu funeral simples nos certifica ainda mais no seu modo de ver e de pensar. E espiritualmente também sempre foi esse sinal de Cristo. O Cristo peregrino, despojado, o Cristo da ternura”, pontua.
Iguais
Para dom Adilson, o Papa Francisco também deixa como legado a cultura do encontro, para dizer que toda a humanidade, com todas as diferenças, é filha do mesmo Deus. “São exemplos que estão perto de nós, já que santidade não é exclusiva, é para todo fiel, todo cristão”, diz.
“Sua herança missionária me inspira muito. Não devemos esperar que as pessoas venham até nós, devemos, sim, ir ao encontro das pessoas, das comunidades, dos problemas que as pessoas vivem. Recordo da visita que como bispo fiz ao papa, ele nos dizendo que fazia suas orações logo ao amanhecer, para se abastecer e manter o bom humor, mesmo diante de todas as críticas e julgamentos. Ele nos ensinou que, pela simplicidade, Deus nos convida ao perdão e ao amor”, conclui.