Maurício da Silva
Presidente da Fundação Municipal de Educação
Neste 24 de março de 2021, faz 47 anos da inundação que destruiu a cidade de Tubarão, desabrigou 65 mil pessoas e ceifou a vida de 199.
Para evitar outra e mais devastadora tragédia - devido ao aumento exponencial da população, principalmente, às margens do rio - elaborei lei (Nº 3289/09) que garante a realização de seminários, em todos os 24 de março - adiados, nos últimos dois anos, devido à pandemia de covid-19.
Até então, o único gesto concreto era ir às margens do rio quando as águas subiam e, quando baixavam, retornar aos afazeres cotidianos, como se nunca tivesse ocorrido enchente em Tubarão ou como se nunca fosse ocorrer. Ocorreram diversas antes de 1974 e estamos na eminência de outra, devido, principalmente, ao assoreamento do rio.
Os seminários foram fundamentais para articular em torno desta causa entidades como o Conselho Municipal de Segurança, Associação Regional de Engenheiros e Arquitetos, Defesa Civil, prefeitura e Câmara Municipal de Tubarão.
Neles são apresentadas formas para manter aquela tragédia na memória coletiva (quando se esquece uma catástrofe, mais cedo e mais forte ela retorna). De prevenção (o que precisa ser feito para evitar que o rio transborde novamente) e de reação eficiente, caso a prevenção seja insuficiente (o que a municipalidade e cada tubaronense devem fazer para preservar vidas).
Graças aos seminários, o governo do Estado investiu cerca de dois milhões e setecentos mil reais nos projetos (executivo e ambiental), fundamentais para redragar o rio, mas, em processo de reelaboração, devido a inconsistências.
Audiências públicas foram realizadas nos municípios de Laguna, Tubarão e Capivari de Baixo. Comissão formada por 21 entidades acompanham os mencionados projetos. A Defesa Civil Municipal equipou-se melhor, realiza capacitação nas escolas e monitora o rio. Tubarão recebeu o certificado das Nações Unidas para participar do programa “Cidades Resilientes” (que se recuperam de adversidades).
É preciso esforço coletivo para sanar as mencionadas inconsistências nos projetos e alavancar recursos para desassorear o rio. Ou tudo poderá ir água abaixo, novamente. O que não mais será considerado uma fatalidade, mas criminosa omissão, tantos são os alertas do próprio rio e os conhecimentos para prevenir e minimizar danos.