Garanto que o desejo do governador Jorginho Mello (PL) seria de que o amigo pessoal, José Roberto Martins, o Beto (PL), continuasse na condição de senador, o que não vai acontecer – pelo menos por agora –, com o retorno já anunciado da senadora Ivete Appel da Silveira à Câmara Alta a partir dos primeiros dias de dezembro, quando termina sua licença de quatro meses. A viúva do ex-governador Luiz Henrique da Silveira passou a cadeira em agosto para o ex-prefeito de Imbituba num acordo capitaneado pelo próprio Jorginho Mello, que era o titular da mesma antes de ter que renunciar para assumir o comando de Santa Catarina.
Beto na secretaria
Nestes casos, querer não é poder. Jorginho sempre soube que esta manobra de manter Beto Martins em Brasília, o credenciando para uma disputa em definitivo do cargo daqui a dois anos, quando teremos a escolha de dois novos senadores, não dependia só da concordância da, também amiga pessoal, senadora Ivete. Por isso, o governador já anunciou que o imbitubense volta ao governo após o recesso de fim de ano, em janeiro, e sem “surpresinhas”, ficando mesmo no comando da Secretaria de Portos, Aeroportos e Ferrovias, que, aliás, foi criada pelo governador especialmente para ele: Beto Martins.
Razões para ser senadora
A verdade - e já escrevi sobre isso antes - é que manter-se senadora talvez já não tenha mais um sentido maior, ou valor político, para a octogenária brusquense, de uma das mais tradicionais e abastadas família do ramo têxtil de nosso estado, que um dia virou professora, conheceu e casou com um jovem advogado blumenauense, que, por sua vez, decidiu morar e trabalhar em Joinville, lá constituindo família e virando um dos mais proeminentes políticos de Santa Catarina. Luiz Henrique da Silveira sempre foi “manda brasa”, emedebista de quatro costados, e aí se estabelece a grande questão. Antes de qualquer coisa, penso que dona Ivete também leva isto em consideração.
O peso para o MDB
Talvez, para ela, aos 81 anos, fosse muito mais prazeroso, e até seguro, manter-se em Santa Catarina, mais próxima da família e das amigas, no circuito entre Joinville, onde mora oficialmente, e Itapema, onde se localiza o apartamento de praia dos Silveiras, adquirido desde os tempos do ex-governador. A “glamorosa” Brasília, apesar da ostentação de ser senador, representa também um fardo neste período tão desgastante da maltrapilha política brasileira, ainda mais para quem já não tem nenhuma pretensão em eleições futuras. O que me parece evidente é que manter dona Ivete senadora tem muito mais valor ao MDB, que continua dono do cargo, do que para ela própria. Não me surpreenderei se, a qualquer momento, nos próximos dois anos, a viúva de Luiz Henrique decidir voltar para casa e deixar a porta aberta para Beto Martins.