Olha, sinceramente não penso que a vitória de Laerte Silva (Podemos) para comandar a prefeitura de Jaguaruna por mais quatro anos já possa alçá-lo à condição de fenômeno político; a verdade é que não chega a tanto – mesmo porque houve um fato atípico nesta eleição de 2024 que é preciso levar em conta – todavia, não dá mais para defini-lo apenas como um político comum, sem brilho, daqueles que surgem por acaso e depois somem do mapa, caindo no ostracismo. Não mesmo. Ninguém conquista o que ele e seu parceiro de chapa conquistaram no domingo sem ter algum mérito.
Nome na história
Não bastasse a vitória, por si só, já ter alçado seu nome ao patamar das glórias como o único prefeito da história a ter conseguido se reeleger em Jaguaruna, foi uma conquista marcante, com 2.760 votos a mais que seu principal adversário. Algo raro de acontecer em Jaguaruna, sempre dividida entre duas ou, às vezes, três correntes partidárias, como na eleição de 2020. Aliás, é neste sentido que existe um “fato atípico que é preciso levar em conta”. Nesta cidade praiana, o PP, mais centro-direita, tem um forte contingente eleitoral. Neste ano, porém, a sigla não teve candidato. Aquele que foi indicado pela convenção desistiu.
O eleitorado do PP
Como em 2020 o PP fez 3.311 votos com Marcos Tibúrcio - os adversários de agora dizem que Laerte só ganhou porque todos os progressistas descarregaram nele os votos para evitar a vitória do arquirrival MDB. Numa entrevista concedida na manhã de ontem na Rádio Cidade, Laerte reconheceu que recebeu o apoio de boa parte do eleitorado progressista, mas acredita que num percentual de no máximo 70%. Destaca, inclusive, que se ele saiu dos quase 4 mil votos da eleição de 2020 para os mais de 7.500 na eleição deste ano, o adversário também saiu dos pouco mais de 3.200, quatro anos atrás, para os quase 5 mil votos neste ano. Ou seja: também deve ter sido beneficiado.
Mais eleitores
Além do mais, segundo Laerte, é preciso destacar que neste ano de 2024 compareceram 1.619 eleitores a mais do que em 2020, e sobraram um pouco mais 500 votos dos dados aos candidatos menores. Em 2020, Jeanine Teodoro, do Republicanos, e Jackson, do PT, receberam juntos 874 votos. Já neste ano, Tamara, do Solidariedade, e Louro, do PT, receberam apenas 343.
A forma diferente de fazer política
Enfim, independentemente de onde partiram os votos do candidato do Podemos, uma coisa é certa: Laerte manteve o seu eleitorado de 2020, o que significa que mesmo que o PP tivesse candidato alguns eleitores poderiam optar por ele agora, e o mais importante de tudo: solidificou (e isso deveria servir de exemplo para os políticos esbanjadores da região) uma forma diferente de fazer campanha. Não coligou na majoritária; não usou fundo eleitoral; não fez santinho; não patrocinou redes sociais; não teve equipe de marketing e deve ter gasto apenas 40 mil reais. Pode não ser um fenômeno, mas está muito além de ser apenas um político comum.