Será que foi só eu que estranhei o fato de não ter acontecido – pelo menos até agora – alguma manifestação de ministros do Supremo Tribunal Federal rebatendo ou, ao menos, condenando a publicação feita anteontem em suas redes sociais pelo presidente norte-americano Donald Trump em defesa do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro? Publicação forte, na qual Trump afirma, inclusive, que Bolsonaro estaria sendo vítima, já há bastante tempo, de um amplo esquema de perseguição. Uma verdadeira “caça às bruxas”.
Fugindo do confronto
Estranhei, pois, afinal, por muito menos que isso — como na ocasião em que anunciaram possíveis sanções do governo americano contra Alexandre de Moraes —, o próprio Alexandre e alguns dos seus colegas de Corte foram imediatos e contundentes, negando qualquer submissão às ordens americanas e até mesmo, de certo modo, desdenhando das possíveis sanções. Enquanto agora, no momento em que o presidente norte-americano, apesar de não nominar quem estaria capitaneando o movimento, denuncia que existe uma, vamos dizer, “rede de intrigas” contra o amigo brasileiro, e é óbvio que o recado foi dado prioritariamente aos membros da nossa Corte maior, todos se calam? Hum.
As afirmações do advogado
Estou passando a acreditar nas palavras que ouvi ontem do jovem Jeffrey Chiquini, um advogado corajoso que bateu de frente com Moraes durante a fase de depoimento do tenente-coronel do Exército Rodrigo Bezerra de Azevedo, um dos acusados pelo 8 de Janeiro, que é seu cliente e que, a partir desta semana, virou também advogado do ex-assessor de Bolsonaro, Filipe Martins. Segundo Chiquini, o caso Martins vai passar para a história do direito no Brasil, e servirá como um divisor no antes e depois do famoso processo que busca acusar diversas autoridades civis e militares de terem sido as responsáveis por uma tentativa de golpe — entre elas, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.
Falsa acusação
A uma emissora de rádio em São Paulo, Chiquini revelou anteontem que existem provas contundentes de que a prisão de Filipe Martins foi embasada em falsas acusações, com o objetivo de, por meio de tortura, convencê-lo a fazer um acordo de deleção premiada, que deveria se sustentar em acusações contra Jair Bolsonaro. Como ele não topou, o caso se esvaziou, mas ele continua sendo acusado de crimes que não cometeu, e já existem provas contundentes de todas as arbitrariedades.
O governo americano
Todavia, a maior afirmação feita na entrevista foi que o governo americano já chegou e isolou o servidor federal vinculado ao setor de Imigração dos EUA, responsável pela introdução de um documento falso na sistema americano, o que é um crime de grande repercussão, pois se trata de quebrar o sistema de segurança nacional. E pior: o governo americano já sabe quem, no Brasil, pediu que o crime fosse cometido: uma autoridade ligada ao processo. Uma grande autoridade que tem ligações familiares com o servidor americano. Julho promete, inclusive, cadeia — mas não de Bolsonaro.