Mente, ou – numa avaliação menos comprometedora – ao menos exagera, quem afirma que já existem casos comprovados de corrupção no governo de Jorginho Mello (PL). E sempre é bom deixar isso bem claro, pois de outra forma estaríamos sendo levianos em se tratando de algo tão sério. Não há nada provado. Todavia, é fato que coisas estranhas aconteceram em relação à contratação, sem licitação, de serviços ou equipamentos; processos estes abertos diretamente por alguns órgãos que integram o governo, como o Ciasc, por exemplo, o Centro de Informática e Automação do Estado de Santa Catarina, que virou alvo de várias denúncias nestas últimas duas semanas.
Contratos suspensos
Os quatro contratos de compra de serviços executados pelo Ciasc, além de terem sido feitos em caráter especial, aproveitando uma brecha da Lei das Estatais para escapar da necessidade de submetê-los a processos licitatórios, contam também com algumas outras particularidades e até coincidências que, infelizmente, os colocam – e não tem como não fazê-lo – no limbo da suspeição. Tanto é que o próprio governo já determinou a sustação de dois deles e o Tribunal de Contas interveio em todos, pedindo documentos e mais esclarecimentos ao Centro Administrativo.
Empresa de fora
Coisas do tipo: uma empresa do Piauí que se diz especializada em telemedicina e foi criada há apenas um ano, que já conta com algumas ações sob investigação em seu estado de origem, que se instalou em Florianópolis apenas três dias antes do lançamento da carta-convite por parte do governo do Estado, e abocanhou, sem maiores explicações, um contrato de mais de meio bilhão de reais para coordenar os serviços de telemedicina.
Sem emergência
Destaca-se que a modalidade de telemedicina é bastante importante para a evolução do atendimento na saúde, sendo uma atividade que a cada dia se expande não só no Brasil, mas em todo o planeta, porém para o nosso estado não se trata de algo emergencial. O governo bem que poderia abrir um processo licitatório, oportunizando a participação de um maior número de concorrentes, inclusive empresas de Santa Catarina e recebendo ofertas mais vantajosas em termos financeiros.
Preços mais caros
Mesmo porque, segundo revelou o deputado Fabiano da Luz (PT), em entrevista concedida na manhã desta quarta-feira, o preço que seria cobrado por esta empresa do Piauí por cada atendimento feito a um paciente através do sistema - não fosse suspenso o contrato - seria bem mais caro do que as empresas daqui cobram de nossas cidades, onde se pratica a telemedicina. Portanto, é preciso mesmo investigar, ou pelo menos fazer com o que o governo se manifeste oficialmente, apresentando todos os detalhes destas operações e de forma transparente. Afinal, quem usa o slogan “Passando Santa Catarina a limpo” é o próprio Jorginho Mello.