É comum se dizer que em eleição nada é definido antes do fechamento das urnas, e existe aí uma grande verdade. Todavia, muitas vezes, prognósticos e tendências - em contraponto ao dito - se materializam em vitória quando partidos e candidatos conseguem manobrar com perfeição as peças do tabuleiro, tanto quanto em derrotas, não necessariamente surpreendentes, em decorrência dos erros cometidos; e aqui cabe dizer que o pior deles talvez seja o do excesso de confiança.
Pode acontecer por aqui
Nas eleições para vereador neste ano em Tubarão, por exemplo, não se surpreendam com vitórias ditas “impossíveis” e muito menos com derrotas tratadas como “improváveis”. Com ou sem a mobilização partidária, o que se viu na cidade nos últimos dias foram ações precisas dos pré-candidatos em busca do espaço para concorrer. Vejam que nem se trata ainda do pleito em si, mas sim dos espaços para facilitar essa caminhada até as eleições. E a verdade é que alguns fortes pretendentes já ficaram para trás. Não se surpreendam se até as convenções muita gente desistir.
Jogo grande
É que com a manutenção de apenas 15 vagas, e com as manobras das siglas maiores que aproveitaram a janela partidária para reforçar suas bases, a disputa virou briga de gente grande, praticamente eliminando as chances de eleição dos candidatos dos partidos pequenos não federados, ou mesmo alguns federados, mas com pouca representatividade na cidade. Para vocês terem uma ideia, a federação entre PSDB e Cidadania nem deve lançar candidatos. Vai ficar sem disputar o pleito deste ano.
Até Dionísio de Quadros migrou
Acontece que, como os dois vereadores desta federação, Eraldo Pereira e Denis Matiola, migraram respectivamente para PP e PSD, a situação ficou praticamente insustentável, sem o chamado “puxador de voto”. É que diante dos blocos criados por Progressistas, PSD e PL, partido sem representante na Câmara, sem ser federado ou sem ter uma forte lista de nomes, está na chamada “zona de risco”. Não à toa, até mesmo o pré-candidato Dionísio de Quadros, que havia assumido o Cidadania com a saída de Flávio Alves e seu grupo, pediu desculpas à deputada Carmem Zanotto, sua líder maior no estado, e no último minuto da prorrogação migrou para o União Brasil. Entende que lá, apesar do União também não ter vereador na Câmara, a lista de pré-candidatos é bem mais robusta e tanto ele pode beneficiar a sigla quanto ser beneficiado na possibilidade de alcançar o consciente eleitoral necessário para se ter as cadeiras.
Com votos, mas sem vaga
Creio que até mesmo o MDB deve estar tomando seus cuidados em relação à sua lista de pré-candidatos. Apesar de ter o vereador Zé Luiz Tancredo, a situação pode complicar caso não seja protagonista das chapas majoritárias. Não estranhem se o MDB, caso não se coligue com outra sigla para a majoritária, bote em campo uma chapa pura para prefeito e vice. Claro que vão dizer que querem a vitória, mas o objetivo mesmo será proteger a chapa proporcional. O partido sabe muito bem que, em política municipal, não eleger vereador é arrastar a sigla para o ostracismo. Portanto, se até um partido que ainda é grande na cidade, como o MDB, se vê diante de uma situação preocupante, imagine os pequenos ou federados que poucos conhecem.
A esquerda com chances
A única exceção neste ano de 2024 em Tubarão, no que tange às federações, penso que seja a do PT com Partido Verde e PCdoB. Se o PT garantir os seus tradicionais 3.500 a 4.000 votos e o filho do ex-prefeito Olavio Falchetti, o Rodrigo, apoiado pelo pai e pela mãe Jane, sob a bandeira do PV, trouxer mais uns 1.500 votos, esse bloco de esquerda vai brigar por duas cadeiras. E isso, por si só, estica ainda mais a corda no pescoço dos partidos que não estiverem bem municiados. Repito: eleição para vereador neste ano em Tubarão vai ser briga de gente grande.