Estou curioso para ver como vão agir certos colunistas políticos dos chamados “grandes” canais de comunicação de nosso estado (se é que vão falar alguma coisa) em relação às diversas acusações que têm surgido nos últimos dias, dando conta de possíveis irregularidades em contratos sem licitação firmados pelo governo, via Ciasc, com empresas suspeitas, ou não, mas cujos termos, em decorrência dos altos valores ou falta de especificações técnicas, não parecem ser nada republicanos, e o que é pior: firmados exatamente através das secretarias, órgãos da administração direta ou estatais, comandadas por aqueles que integram o que se pode chamar de staff pessoal do governador.
Desde os tempos do BESC
Conhecidos de longa data, homens e mulheres convidados a integrar o atual governo, ocupando cargos estratégicos por suas capacidades, sim, mas também, e talvez muito mais, em virtude da amizade pessoal com o governador. Caso de Vânio Boing, por exemplo, um armazenense que é amigão de Jorginho desde os tempos do Besc, onde fizeram carreira juntos com Vânio chegando, inclusive, à presidência do Fundo de Aposentadoria do banco. Neste governo, Vânio, que é filho do saudoso ex-prefeito de Armazém, Bertolino Boing, foi nomeado inicialmente como presidente do Iprev e, mais tarde, promovido a secretário de Administração.
As surpreendentes férias
Neste momento de turbulência não existe contra Vânio nenhuma denúncia de irregularidade ou contrato suspeito que tenha passado por suas mãos, mas o que muita gente estranhou foi o fato dele ter saído de férias num momento em que o circo, como se diz na gíria, “está pegando fogo”, com várias discussões pelos gabinetes do Centro Executivo na última semana, além de ter havido, dias atrás, por parte, exatamente da secretaria de Administração, a exoneração do cargo comissionado e afastamento das funções, como funcionário de carreira, do diretor de Saúde, Levy Hermes Rau, que administrava o plano de saúde dos servidores públicos de Santa Catarina. Tem gente afirmando que Boing saiu de férias chateado com esses casos que colocam o governo sob suspeita, para não mais voltar.
Amigo da família
Levy Rau, recentemente afastado, é lotado na secretaria estadual da Saúde e tem laços profissionais com um dos filhos do governador, o odontólogo Bruno Mello, numa sociedade que administra uma escola de formação odontológica. O motivo do afastamento de Bruno foi por ter autorizado o pagamento de duas cirurgias de alta complexidade, e caríssimas, em sua própria clínica de odontologia. Com ele vazou também Leandro José João, membro da Diretoria de Saúde dos Servidores da Secretaria de Estado da Administração.
Pedra no sapato
Numa semana em que não param de surgir informações sobre contratos e mais contratos que o governo, através do Ciasc, tem assinado, com dispensa de licitação, fundamentada numa brecha da Lei das Estatais, que permite a contratação direta em caso de inviabilidade competitiva, o que Jorginho Mello menos queria era que estourasse um caso como este, envolvendo diretamente alguém ligado a membros da sua família.