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MATHEUS MADEIRA

07/02/2025 06:00

A política brasileira ainda precisa do PSDB raiz

O PSDB deve sucumbir definitivamente até março. Seriamente ameaçado pela cláusula de barreira e desidratado após consecutivas derrotas eleitorais, o Partido da Social Democracia Brasileira deve escolher o seu fim: uma incorporação ao PSD de Gilberto Kassab, que tantas lideranças lhe tomou; ou o MDB, de quem curiosamente formou dissidência no final dos anos 80. Numa época em que a disputa política é rasteira e muitas vezes premia quem melhor domina a “arte” de manipular notícias falsas, é de se lamentar. O PSDB desempenhou um projeto de país, gostemos ou não. Qualificou o debate. Seus fundadores, como Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas, foram fundamentais na costura da Constituição de 1988 e nos primeiros passos do país depois do fim da ditadura. A diplomacia desses personagens gerou consensos até impensáveis em um país ainda ferido pelo regime autoritário e assassino. A pauta de privatizações se tornou um peso a ser carregado, mas é possível falar sobre muito mais nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso. O alinhamento a grupos liberais, porém, se revelaria mortal com a emergência da extrema direita simbolizada por Bolsonaro. Muitas das novas lideranças do partido se assanharam com o discurso antidemocrático da “nova política” e defender o respeito à Constituição passou a ser um gesto deslocado – profundamente representado pela desfiliação de Geraldo Alckmin, o último representante da era de ouro tucana. Se de fato for incorporado por PSD ou MDB, que olhe para a missão histórica que motivou a sua origem. O Brasil precisa muito.

Direita dividida
A queda de popularidade de Lula é um fato evidenciado pelas pesquisas. Há reações em curso, com mudanças significativas na comunicação e na agenda do presidente, que deve viajar mais pelo país. O fator mais relevante para a projeção de 2026, porém, parece ser a fragmentação à direita no pós-Bolsonaro.

Entre a direita e a extrema direita
A extrema direita engoliu a direita tradicional em 2018, isso é nítido. O fracasso do governo Bolsonaro, porém, levou o grupo mais democrático a um momento de reflexão. Quem conseguiria unir os dois grupos de novo? O próprio Bolsonaro nem poderia, pois está inelegível. Menos ainda sua esposa ou seus filhos.

Os moderados e os radicais
Entre os supostamente “moderados” a união também parece difícil. O governador Ronaldo Caiado, de Goiás, rompeu com o bolsonarismo para se viabilizar. Tarcísio Freitas, de São Paulo, tem Kassab ao seu lado – e o PSD, como se sabe, foi alvo dos bolsonaristas na última eleição. Quem resta? Gusttavo Lima? Pablo Marçal?

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