Deputada federal mais votada de Santa Catarina, cumprindo seu segundo mandato em Brasília. Caroline de Toni (PL) via as expectativas de ver sua carreira política decolar no começo do ano. Marcou posição de fidelidade ao bolsonarismo, mesmo quando os ventos políticos – e até o raciocínio lógico, convenhamos – levavam a outro caminho; ela haveria de ser contemplada com a sonhada candidatura ao Senado. A jovem parlamentar de 39 anos foi, porém, surpreendida por um concorrente que não estava em seus cálculos: Carlos Bolsonaro, que é vereador no Rio de Janeiro, decidiu que quer uma cadeira nova. Justamente a cadeira que Caroline cultivou por tantos anos. Restava uma esperança, já que são duas candidaturas ao Senado por chapa nessa eleição. Mas Waldemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, acabou com a brincadeira e reservou uma ao amigo Esperidião Amin (PP). Nem bem se recuperou da rasteira, Carol recebeu uma notícia perturbadora: teria que renunciar à liderança do bloco da Minoria do Congresso. As prerrogativas da função precisam ser ocupadas por Eduardo Bolsonaro, para que ele possa pedir mais tarifaço dos Estados Unidos sem correr o risco de perder o mandato de representante do povo brasileiro. Assim foi feito. Não é o caso de manifestar solidariedade à deputada, que está basicamente colhendo o que plantou. Mas dá para afirmar que sua vida tem sido dura.
Blindagem e anistia
O Congresso Nacional passou a semana debatendo dois assuntos que nem de longe parecem ser a prioridade do país: PEC da blindagem aos parlamentares e anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado. Talvez seja a melhor oportunidade histórica para discutir que deputados federais e senadores queremos que nos representem.
A blindagem e o PCC
A jornalista Andréia Sadi destacou um aspecto muito importante da tal PEC da blindagem, que garante aos parlamentares o direito de só serem investigados se a sua casa legislativa permitir. A regra abriria caminho para que líderes de facções criminosas buscassem a impunidade que um mandato parlamentar lhes garantiria. É a escolha que está se fazendo, de maneira consciente e deliberada.
Anistia e impunidade
Na última semana o Brasil viveu um momento inédito: condenou quem atentou contra o Estado Democrático de Direito. É algo novo na história brasileira, marcada por golpes e anistias. E há quem queira que continue assim, anistiando os culpados e fingindo que nada aconteceu. Se voltarmos aos livros de história, nos depararemos com uma constatação meio óbvia: uma tentativa de golpe sem punição se transforma em uma nova tentativa de golpe anos depois.