“Ontem mesmo eu mandei uma mensagem para o governador. Isso não é um processo jurídico. Vai muito além da Justiça. Hoje tem a política que tá se sobrepondo a esse processo”.
Assim, Clésio Salvaro acusou, sem qualquer tipo de cautela ou pudor, o governador Jorginho Mello como sendo o mentor da sua prisão.
O prefeito de Criciúma foi preso preventivamente por suspeita em crimes de organização criminosa, fraudes licitatórias e contratuais, corrupções, crimes contra a ordem econômica e economia popular.
Teoria da conspiração? II
A declaração da Salvaro chama a atenção inicialmente ao colocar o governador do Estado como um possível operador da sua prisão para obter ganhos políticos e colocar em xeque uma gama de servidores que atuam no processo.
Vamos aos fatos:
1. A prisão deu-se na segunda fase da Operação Caronte. As investigações já ocorriam há meses e, num primeiro momento, o discurso de Salvaro era de que iria colaborar com as investigações. Não falou, à época, se tratar de um processo político.
2. A Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos, o Geac (Grupo Especial Anticorrupção) e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas) e o próprio Tribunal de Justiça de Santa Catarina estão diretamente envolvidos nas prisões da última terça.
3. O Gaeco é uma força-tarefa composta, em Santa Catarina, pelo Ministério Público, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penal, Receita Estadual e Corpo de Bombeiros Militar e, portanto, podemos concluir que havia diferentes representantes das forças policiais do Estado atuando diretamente nesse processo.
4. Além do prefeito Clésio Salvaro, foram presas mais oito pessoas nessa segunda fase da operação, totalizando 17 pessoas encarceradas preventivamente.
Teoria da conspiração? III
Ora, quando se percebe a união de forças policiais com tantos representantes envolvidos em uma operação que leva à cadeia quase duas dezenas de pessoas, me parece fantasioso acreditar que haja um conluio entre o governador do Estado e todos esses importantes atores, com o único objetivo de afastar um desafeto pessoal do processo eleitoral.
Não são raros os que aventam essa possível armação e, me desculpem os que a sustentam, externar essa possibilidade é de um desatino que apenas os inconsequentes têm coragem de fazer.
Eu, particularmente, prefiro me ater aos atos e acreditar nas forças policiais do Estado.
Teoria da conspiração? IV
Dito isso, mais uma frase chama a atenção na declaração de Clésio Salvaro. Disse o prefeito que na noite anterior à sua prisão teria entrado em contato com o governador, por mensagem, sugerindo que já sabia o que viria a acontecer.
Há quem diga que, na primeira fase da operação, teriam sido apreendidos documentos demonstrando que o prefeito de Criciúma já sabia das investigações e que, por esse motivo, sua prisão é justificável.
Salvaro realmente já sabia, no dia anterior, que seria preso? O que teria falado ao governador na véspera da sua prisão?
Teoria da conspiração? V
Mas a narrativa de Clésio Salvaro publicizada momentos antes da sua prisão encontra eco por causa de uma personagem: a desembargadora Cinthia Bittencourt Schaefer.
A eminente doutora é responsável pela prisão da maioria dos prefeitos catarinenses, inclusive, a de Clésio Salvaro.
Teoria da conspiração? VI
Inegavelmente, então, o convite feito pelo governador Jorginho Mello para que ela assuma a Secretaria de Administração Prisional, neste momento, propicia que Salvaro diga o que disse e suas palavras encontrem guarida em sua militância.
Questionar o momento em que as conversas entre a desembargadora e o governador acontecem, convenhamos, é perfeitamente aceitável, contudo, sugerir que tal relação permita que ajam na ilegalidade me parece ser o último suspiro de quem até o dia 12 de setembro – dia que o processo volta à pauta para possível votação no TJSC – terá que se sujeitar às duras consequências da lei.
Pontes
É de se envergonhar a demora na liberação das pontes da Guarda e a Stélio Boabaid, que liga Tubarão a Capivari.
As estruturas estão prontas há bastante tempo e os pequenos detalhes não justificam a completa inércia dos políticos locais.
Liberem esses equipamentos à população e deixem para politizar em cima deles depois.
Divisão
50,9% discordam da decisão do ministro Alexandre de Moraes – chancelada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal – de suspender a rede social X, antigo Twitter, enquanto 48,1% concordam com ela.
A absoluta divisão demonstrada pela pesquisa demonstra com exatidão o atual momento de dicotomia política que vive o país.
Clima quente
Esquentou o clima antes do debate promovido pela Rádio Tubá.
Parece que quem antes falava sozinho, hoje, já não goza do mesmo respeito.
É aquela máxima: “Fala o que não deve, ouve o que não precisa”.